Por Alberto Franco )

Juan Belmonte (à esquerda), protagonista, juntamente com Joselito, da mais esplendorosa época do toureio, actuou diversas vezes em Lisboa. A primeira em 17 de Setembro de 1914, alternando com Manuel Mejías Bienvenida, na lide de exemplares de Infante da Câmara. Zé Jaleco, cronista d'«O Século», conta que o Pasmo de Triana «causou verdadeira admiração, pela maneira por que se arrima aos touros, dominando-os com lances arriscadíssimos. Foram soberbos os passes naturais, as verónicas e os molinetes, que executou com requintada elegância e mestria. As ovações que se fizeram ao diestro foram estrondosas e, realmente, mereceu-as.» Belmonte repetiu a 10 de Junho de 1915, ao lado de Manuel Torres Bombita III, novamente com touros  de Infante da Câmara, em corrida picada. Juan e o irmão mais novo dos Bombas «lancearam de capote, com elegância e arte, adornando-se aos quites por forma a provocar aplausos, especialmente no 7º touro, acabando por lancear al alimón, isto é, ambos com o mesmo capote, terminando por ajoelhar diante do bicho», lê-se no «Diário de Notícias».


«Com a muleta, ambos os diestros se adornaram, sendo no entanto mais luzidas as faenas de Bombita, embora as de Belmonte fossem mais artísticas.» São desta corrida as imagens que se reproduzem, extraídas da revista «Ilustração Portuguesa».


Juan Belmonte, o revolucionário do toureio, encontrava-se nesse ano de 1915 em plena rivalidade com 
Joselito. «Na temporada de 1915 contratei cento e quinze corridas, das quais toureei noventa», declara o diestro sevilhano na sua biografia, «Juan Belmonte Matador de Toros». «Alternei com Joselito em sessenta e oito, porque cada vez os públicos se encarniçavam mais com a competência que se obstinavam em suscitar e manter entre nós.»
É de 1915 o clamoroso triunfo do trianero na Corrida de Beneficência, em Madrid, «data gloriosa nos anais daquilo a que se chama 'o belmontismo'». Rezam as crónicas que Juan ligou, de forma assombrosa, quatro passes naturais com um passe de peito. No «ABC» do dia seguinte, lia-se: «Corrida de Beneficência! A caridade e a arte. Ao fundir-se num traje de luces tomam a figura trágica de um toureiro, e este chama-se Juan Belmonte».

In : "A Festa Mais Culta")