“Com a casaca e touro do meu pai sou eu um Toureiro!!!!”...

Texto de FERNANDA MARIA MOUZINHO - Fotos de Fernanda M. Mouzinho

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No tempo em que o calçado não chegava para todos os membros da família ter um par de botas era um luxo e dava, a quem o usava, um certo estatuto. Dessa altura nos vem a expressão “com as botas do meu pai pareço eu um homem!!”.
Nos dias de hoje já o calçado é acessível e calçar botas já não é, por si só, um estatuto para ninguém. No entanto ainda há peças de vestuário que são elas próprias um estatuto.

Para um Cavaleiro Tauromáquico usar casaca é sinal de crescimento na profissão, reconhecimento dos seus pares e mérito próprio, mesmo que a casaca seja do pai ou até do avô. A Empresa Toiros com Arte fez uma alteração de última hora ao cartel inicialmente anunciado para a noite da Praça de Santo António das Areias, e deu ao Cavaleiro Francisco Maldonado Cortes a hipótese de tourear um dos touros que estava destinado ao seu pai, e, tal como o seu pai o fez nesta Praça há 31 anos, usar pela primeira vez casaca. É caso para dizer, tal como com as botas de outros tempos, “com a casaca e touro do meu pai sou eu um Toureiro!!!!”.
Já sabemos que não é o hábito que faz o monge, e também não é uma casaca que faz um Toureio, mas que Francisco Maldonado Cortes fez muito bom uso desta primeira vez que a vestiu, fez. Teve valor, soube manter o foco, andou com ganas e com respeito pelos terrenos, não se apressou e não perdeu a ligação com o oponente, entregou-se à lide e não se esqueceu porque ali estava, pelo público. Foi um momento alegre e que, quando a noite já refrescava, aqueceu o ambiente.
Não sou especialmente apreciadora de alterações de última hora a cartéis anunciados, mas se para estes jovens terem as suas hipóteses de aparecer, vestir casaca, mostrar da massa que são feitos… é preciso uma negociação extrema e um pai a ceder um touro, pois então até as aceito….
Esteve o Cavaleiro Francisco Cortes em Praça com os seus dois filhos, o Francisco como Cavaleiro e o José Maria como Bandarilheiro, e abdicou de metade do tempo que lhe estava destinado para que o seu filho tivesse também hipótese de tourear. Não perdeu metade do seu tempo, investiu-o, e como resultado imediato saímos todos a ganhar.
Que esta primeira lide com casaca seja o princípio de uma nova etapa cheia de momentos felizes e que o sucesso seja a nota que permita abrir portas por mérito próprio.
Que a próxima vez que tenha o privilégio de o ver tourear o seu nome conste no cartel desde o primeiro momento.
Sorte, com casaca e com tudo o que tem direito.




TRIBUNA da TAUROMAQUIA

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