GOLEGÃ, HOJE... 
E A “TOURADA”, REVENDO ESTE ESTUDO, 
EM ÓLEO SOBRE TELA, QUE NOS LEGARAM!


Publicado no Facebook tempo atrás pelo Dr. Veiga Maltez (23-Septiembre-2015)

Referia-nos o nosso Tio, o Pintor João Pedro Veiga, que havia executado este "estudo", num óleo sobre tela, quando uma "maleita" o tinha feito ficar de cama, imaginando assim, a cena antes da "corrida"! Corrida(!) sim, como fomos habituados a dizer... "vamos aos touros!" ou " a que horas é a corrida?" É que "tourada" quanto a nós e quanto a muitos, incluindo D. Bernardo da Costa Macedo (Mesquitella), ilustre conhecedor e crítico tauromáquico, significava a "Corrida de Toiros", por vezes, desorganizada do princípio ao fim, sem horas e não cumprindo algumas regras! Daí, "tourada", em muitos casos, ser um termo associado a "regabofe"!
 
Eis, nesta tela, o antes das "Cortesias", prefácio da "Corrida de Toiros à Portuguesa"... porque tem Forcados, que substituíram a última fase do espectáculo, ou seja, a morte do toiro, interdita em Portugal, no tempo de D. Maria lI. E porque não, por ter Cavaleiros, que em Espanha, foram somente "reabilitados", nos anos 20, do século passado, com o "Rejoneador" António Cañero, já que em Portugal, a lide a cavalo esteve sempre presente, como a morte do toiro, nunca esteve ausente em Espanha!

Eis a Festa, eis os "Toiros", uma das manifestações mais humanas. Porque é a inteligência e a razão, atributos só do Homem, perante a força brutal e violenta do Toiro, que é livre, em praça, de se defender. E é essa Arte, desejável e necessária, que quem aprecia, corre a ver. A arte tão bem traduzida e interpretada por Dali, Picasso, Garcia Lorca ou Hemingway, entre tantos outros! Por gente sensível e de intelectualidade reconhecida!! Porque, como eles, muitos consideram a beleza, a nobreza e a dignidade do Toiro Bravo. Um dos animais selvagens, mais protegidos. Criados e mimados desde que nascem pelo "ganadero", como a jóia da sua "coroa". Ele e o "Meiral" tratam-no pelo nome. Acompanham-no. Protegem-no. Querem-no bom, bonito e bravo. Para que cumpra! Para investir... como os seus genes determinam. Para vencer!!! Como o leão, o crocodilo ou uma ave de rapina, por cujas vítimas diárias, nunca ouvimos por elas clamarem! 

Ao contrário do Touro, os seus parentes mansos vão para a engorda, logo depois de desmamados, num estábulo escuro, por vezes imundo, até terem peso e idade para serem deglutidos pelos humanos, não "vegetarianos", incluindo os anti-taurinos, os quais também beberão o leite das vacas "turinas". Respeitamos quem não gosta da "festa", dos "toiros". Queremos tão somente que nos brindem de igual modo por dela gostarmos. 

Imaginem que uma das bandeiras políticas de um movimento candidato à Assembleia da República é acabar com as Corridas de Touros!! Ouvimo-Lo hoje na "rádio". Ainda esperámos que viessem outros, para acabarem com os rugbystas ou com os boxeurs, pela violência, mas desiludiram-nos. Eis a "corrida" da Democracia, que candidata "fundamentalistas". Que seguramente proporão uma reserva do Toiro bravo, para turista o ver nascer, comer e de enfado morrer. É claro e de multiplicação controlada, porque é só para dizer que existe e não se extinguiu. Tal e qual, na Catalunha, onde centenas e centenas de postos de trabalho que viviam do "mundo" dos touros desaparecerem, parecendo não ter tido importância alguma!!??... Essa sim, foi uma " marrada" brutal e severa de homens, que investiram contra outros homens !! Porque lhes cortaram a liberdade, o sonho e a ambição de muitos!

Dizia Miguel Torga, que “no Campino, Cavalo e Touro conjugam-se as últimas forças viris que restam a Portugal dos tempos livres da Criação, das eras selvagens e testiculares que a civilização castrou".
Que não "castrem" o que resta!

23/9/2015
Dr. José Veiga Maltez