Eu não sou assinante do Expresso, mas acho que eles deviam ser da Tribuna da Tauromaquia Ibérica, é grátis, aproveitavam e liam crónicas com...
Eu não sou assinante do Expresso, mas acho que eles deviam ser da Tribuna da Tauromaquia Ibérica, é grátis, aproveitavam e liam crónicas como esta, de elevada qualidade, de autoria desta vossa humilde amiga, podia ser que aprendessem alguma coisa! Nomeadamente sobre juventude, valores, sacrifício, honra e valentia, coisas que muitos nem sonham existir!
A propósito da foto, quiçá a foto mais taurina dos últimos tempos que por aí anda a circular, a do jovem toureiro africano da Escola de Toureio e Tauromaquia da Moita, Eduardo “Chibanga”, na fila para um autocarro, de capote, muleta e estoque! Tem tanto de simbólica, como de ternurenta. E quem não se emociona com ela, sinceramente, não sei como serão as suas vidas.
Recorda os tempos dos "maletillas", a resistência (não resiliência da moda), o sacrifício, a coragem, o sonho...
Há lá coisa mais valente e nobre? Só isto, devia ser o suficiente para nos fazer acreditar que os jovens aprendizes de toureio são melhores que o resto. Ao enfrentar o perigo, sim, perigo, torna-os mais maduros e íntegros, aprendem que a vida não é um jogo, que deixa cicatrizes e que tudo tem um preço. E só cá estão os que na realidade têm vocação, não há “impostores”, apenas para ganhar uns trocos. Ninguém no seu perfeito juízo, arrisca a vida frente a um touro, dá muito trabalho!
É tão diferente ter um sentido na vida, ou só fazer umas “dancinhas no tiktok”.
E já agora, viram o filme Divertidamente, aquele em que acompanhamos as emoções dentro da cabeça de uma criança e que é uma verdadeira delícia (para quem gosta do género, claro)?
Pois é, a crónica de hoje é inspirada neste filme e na foto, mas com um toque de sangre y arena.
Ah, os toureiros, essas criaturas míticas, tão distantes do comum dos mortais que até a ciência tem que fazer um esforço monumental para tentar explicar o que se passa nas suas cabeças.
Sim, atrevo-me nesta crónica a analisar as emoções, a cabeça dos toureiros, esses seres iluminados por clarines y timbales. Acho que todos já tentámos colocar-nos no seu lugar e não fomos capazes de entender o porquê? Como funcionam? O que os move? O que os faz distintos?
Para começar, fica o aviso: não sou especialista na área. Aliás, se me pedirem para analisar a cabeça de um futebolista, prefiro passar, tenho os meus limites! E já se sabe, cada macaco... Mas os toureiros, ah, esses sim, merecem toda a atenção. Sempre me fascinou este mistério, e não descansei até encontrar uma “teoria” interessante e que me convencesse, foi quando “esbarrei” com o neurocientista Antonio Alcalá Malavé, que em 2012, o teve a ousadia de apresentar uma conferência chamada "A magia da mente do toureiro". Passo a resumi-la, e prometo que não vos maço muito.
Este Senhor, que confessa saber tanto de touros quanto eu de astrologia, ousou traçar uma teoria sobre o funcionamento do cérebro destes super-humanos. E, claro, a teoria é tão interessante, quanto actual. Preparem-se para revelações do outro mundo.
Segundo o próprio, um toureiro é uma mistura de macho alfa que seduz as massas, e um médium. Sim, porque não basta ter coragem para enfrentar o touro, é preciso prever o futuro! Os neurotransmissores destes indivíduos são tão potentes que o seu cérebro emite luz. Leram bem, luz! Alcalá explica que, se houvesse uma câmara capaz de captar esta luz, veríamos os toureiros envoltos numa aura digna de um Santo. E o melhor de tudo? Eles têm mais dopamina do que uma pessoa comum, o que lhes dá uma imunidade quase divina à doença de Parkinson por exemplo. Quem diria que o segredo da eterna juventude estava na arena? Tal como Obélix, os mestres da tauromaquia, caíram numa panela.
Ao som de clarines y timbales, uma música que traz as notas da química cerebral, da física quântica, da matemática aplicada à medicina e à anatomia, tentando explicar a predisposição dos toureiros para a coragem, a fortaleza e a arte, sem sabor folclórico, a verdade autêntica das touradas num estudo.
Claro, mas que ninguém pense que os toureiros não têm medo. Diz que sim, e muito! Mas o medo, em vez de paralisá-los, molda os seus cérebros, transformando-os em máquinas de coragem. Na realidade, segundo Alcalá, o cérebro de um toureiro emite numa "frequência paranormal". Eles são quase como antenas vivas, captando o ambiente e reagindo à velocidade da luz. Sim, amigos, enquanto nós, simples mortais, lidamos com as nossas limitações, os toureiros estão numa autoestrada com cinco faixas, a conduzir com a eficiência de um supercomputador.
Mas há um pequeno "efeito colateral": a infidelidade, uma predisposição explicada pela falta de vasopressina. Alcalá afirma que o toureiro transborda de amor, mas a monogamia não é exactamente o seu forte. Talvez seja o preço a pagar por tanta dopamina... Uns mais, outros menos, parece que todos lutam contra isto, e não é a infedilidade emocional, que essa, têm de sobra. Mais, as mulheres recebem sinais que as fazem sentir-se atraídas por este tipo de homens, os que não mostram medo. E antes que me caiam em cima, estou só a mostrar as conclusões do neurocientista Antonio Alcalá Malavé!
Mas em que órgão está o gosto de Manzanares com o capote, a alegre bravura de Román quando enfrenta o touro, o magnetismo que envolve Morante na praça? E por falar em Morante, aqui todos percebemos a importância da mente. Os toureiros movem mais o coração ou o cérebro?
“Um dos maiores reservatórios de electromagnetismo do toureiro não é o cérebro, mas o coração”, disse o médico. As suas melhores faenas ocorrem quando o coração está em estado de compaixão e amor, e o pior, em modo terror.”
Lá está, os toureiros têm um coração enorme, literalmente.
E quanto às “toureiras”, perguntam vocês? O mesmo se aplica. Afinal, a ciência não discrimina. As toureiras também têm os seus mistérios, como qualquer homem na arena.
E assim se desvendam alguns enigmas da mente e do coração dos toureiros. Parece que somos todos feitos da mesma matéria, mas os toureiros, esses iluminados, sabem usar recursos que o resto de nós nem sonha que existem. Eles são seres mágicos que enfrentam o perigo de frente, com um cérebro que brilha e um coração que pulsa energia.
Tudo são enigmas, que ampliam os mistérios do “super-toureiro”, um verdadeiro herói que não reza como os mortais comuns. São como luzes e sombras dois “guerreiros da luz”.
E aqui, apenas é servida uma visão de opiniões, como em todas as crónicas. No final de contas, o que se conclui? Talvez precisemos de mais testosterona, serotonina e dopamina nos dias de hoje.
Afinal, com tanta luz e coragem e sonhos, quem precisa de lógica?