La humildad y generosidad de Antonio Ferrera manifestada para con Barrancos, que hacen aún más grande a este torero como persona, también se manifiesta -como testimonio de su avasalladora cercanía- en esta foto del final de agosto pasado, en la que el extremeño posa con la familia Tereno y con los profesores Gomes y Meira, promotores del Museo Taurino de Alter do Chão, entre otras personas que aparecen en la imagen.

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Mais humildade e menos ego, se faz favor!


Passados os dias, inevitavelmente carregados da típica nostalgia “pós-fêra”, pois que existem zonas que ainda são “ilhas” de tradição, cultura e tauromaquia pura, e numa era em que o mundo é quase só celebridade e entretenimento, é um gosto ouvir as palavras do Maestro Antonio Ferrera, o facto de ter regressado a Barrancos, por honra, amabilidade, agradecimento, humildade e generosidade. 

Não há nada mais libertador do que fazer algo só porque sim, porque queremos, sem necessidade, um ritual inexplicável, um sentimento de pertença e união, e há motivos que a razão não entende, nem tem que entender, basta sentir.


E ele gosta da arte e do pensamento como eu. E mais, perceber que as palavras são armas que se dão como flores, e não ter medo delas, é insubstituível. Como é Ferrera, goste-se mais ou menos. É ser genuíno e não ser uma cópia, sim, sempre se copia os melhores e é uma honra para quem é copiado, mas os originais são sempre irrepetíveis e as cópias, só falsas. E é isto que lhes confere aquela ponta de genialidade.

As artes são suaves terrenos de conversa onde a mudança aterra sem ruído- e a tauromaquia, essa paixão imensa, fez-nos sentir isso tudo na reportagem que o Canal Extremadura e o grande Juan Bazaga fizeram na minha terra.


Por falar em ser agradecido e reconhecido com os seus princípios, e de toureiros genuínos e insubstituíveis por muito grandes que sejam, falemos de Morante, que também teve essa delicadeza connosco. Deixa-nos órfãos novamente, órfãos de Morante. Sabemos que voltará quando quiser, com o que quiser e onde quiser. Mas não está aqui, nem desapareceu, permanece no limbo após a sua ausência temporária. É uma forma de identificar ou reconhecer a lacuna que ficou vaga, a orfandade do morantismo é perceptível, por mais que os toureiros de sua linhagem -por exemplo Aguado, que irá substituí-lo em Sevilha- tentem para amenizar a ausência do Maestro.

Quando volta? Onde reaparecerá? Será capaz de vestir-se de luces antes do final da temporada? 


E é aproveitar para ir escrevendo e falando enquanto não nos toca a censura inquisitorial dissimulada de “transparência” aos meios de comunicação que chega já a nuestros hermanos.  O regresso do famoso lápis azul da Viarco “Olímpico 291”, que apareceu em alta por volta dos anos 30 e agora volta para dar um ar da sua graça, e não propriamente para ser usado em livros de colorir. Entendedores, entenderão. 

Juntando a isto o escândalo que é ter um filme sobre a tauromaquia no Festival de San Sebastian, com Roca Rey como protagonista, do grande cineasta Albert Serra, logo a ser alvo de pedidos de retirada pelos anti taurinos do PACMA. Nem conseguem ter o discernimento de entender que não é um documentário nem contra, nem a favor, apenas um documentário levado a cabo durante 5 anos. Não aguentam nem o cinema “não-domesticado”, tudo o que sai da sua ditadura encapotada chateia e é logo para cancelar. Mais, por cá o PAN não pára, aliás é a sua única bandeira, lutar contra a tauromaquia, e sai mais uma proposta de referendo para abolição das mesmas. Isto é que é ter uma vida triste, carregada de ira, desprovida de fundamentos e objectivos decentes, são apenas miseráveis.

Porque, caso não tenham reparado, a tauromaquia está a crescer. Isto é demonstrado pelo afluxo de jovens aos touros, e comprovado pela reacção da sociedade aos dogmas proibicionistas, razões pelas quais frequentar uma praça ao mesmo tempo satisfaz uma paixão e se torna um exercício de liberdade. É o que normalmente dizemos: “Sair o tiro pela...”.


Bom, mas as corridas nunca irão ter fim, como estes querem, apenas estão “aprisionados” pelo ego. Ah, e o ego só é bom na dose certa. 

A reter: se acreditam que são mais espirituais porque andam de bicicleta, mas julgam os que andam de automóvel, caíram na armadilha do ego. 

Se acham que são mais espirituais porque são vegans, fazem yoga, curam-se com reiki, mas julgam os que não são como eles, lamento, mas caíram na armadilha do ego. Se acham que por bajular a torto e a direito e disparar sem rumo, são melhores pessoas, caíram na armadilha do ego.


Bajular que é muito diferente de reconhecer, reconhecimento, aquela atitude bonita e desinteressada, que serve apenas para elevar e reconhecer mérito a quem de direito, não para nos massajar o próprio ego com o “eu fiz, eu isto e eu aquilo”. Princípio de sabedoria grátis e de elevada utilidade: Se não aprender o prazer de estar consigo mesmo e dar mérito a quem realmente merece, será sempre um mendigo da atenção alheia. 


E com isto, reitero, que em Portugal faltam homenagens e reconhecimentos a sério, em vida, e não só meia dúzia de palavras. E tenho exemplos bem perto, é só puxar pela cabeça e é fácil lá chegar.

Sermos mais agradecidos, consequentemente, mais humildes, é muito bonito.


E reconhecimento é o que temos que ter para com o Mestre Rui Salvador, que se despede das arenas, depois de uma vida a dar-nos tanto, despede-se como a sua carreira merece.

Quatro décadas no topo justificam-no, tem crédito suficiente para se despedir dos lugares onde semeou afición. Mas é sempre triste, porque nos vão faltando figuras.

Mas, a alma de um toureiro só pode ser controlada por um toureiro. Porque é ele quem decide o que fazer do jogo que é a sua vida, como gerir uma profissão em que apostam todo o seu bem-estar, numa carta que sai num jogo em que decide sair na hora e no lugar que ele quiser. 


Dra. ESTER TERENO