Em 1977 e depois de um inverno, onde se realizaram vários colóquios sobre o tema “Toiros de Morte” um conjunto de aficionados e taurinos vilafranquenses, nos bastidores e em segredo, iniciam os trâmites para a montagem de uma corrida de toiros de morte, integrada na II Exposição - Feira Agrícola e Industrial de Vila Franca de Xira.
Em termos taurinos realizaram-se dois festejos.
O primeiro realizou-se a 1 de Maio e teve como aliciante a alternativa do cavaleiro leiriense José Zuquette apadrinhado por Alfredo Conde.
A segunda tarde estava anunciada para 7 de Maio.
Esta Corrida era de toiros de morte praticamente assim se apresentou.
Só os mais incautos não tinham conhecimento de tal facto. Havia uma publicidade de mão que anunciava a corrida - Concurso de Ganadarias - e ainda os troféus em disputa e o último troféu era para a melhor ???? (estocada entenda-se).
Lotação esgotada e um ambiente único. O cartel era composto pelos matadores, José Júlio, Rayito da Venezuela e António de Portugal.
Lidaram-se e estoquearam-se toiros de diferentes ganadarias: Palha, António José Teixeira, Pinto Barreiros, Oliveira Irmãos, Sociedade Agrícola de Santo Estêvão e Tomaz da Costa.
No final os três toureiros saíram triunfalmente em ombros pelas ruas da cidade e Vila Franca viveu um dia histórico.
Eram centenas as pessoas que acompanharam os toureiros. Perto do Largo do Monumento ao Campino e do edifício dos CTT, surgiu a polícia de intervenção e o caos assumiu enormes proporções.
Momentos dramáticos viveram-se naquele fim de tarde e os matadores José Júlio e Rayito da Venezuela foram presos e conduzidos aos calabouços do Governo Civil de Lisboa.
António de Portugal conseguiu fugir com a ajuda do João Lira refugiando-se na casa de um seu familiar e manteve-se em parte incerta até se apresentar no Tribunal de Vila Franca na manhã de segunda-feira, 9 de Maio.
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Texto de Jaime MARTÍNEZ AMANTE
Imagen : archivo de Jaime AMANTE