"Não me despedi a ajudar, peguei à primeira tentativa o meu toiro. E não me sujei..."
En el Coliseum de Atarfe se despidió este miércoles un gran forcado que tanto ha dado al Grupo de los Académicos de Coimbra. Jaime Cortesão pergeñó para la ocasión unas líneas muy interesantes donde muestra la emoción, el compromiso, el sentimiento, en esta hora del adiós, que es más bien un ¡hasta siempre!. La TRIBUNA da TAUROMAQUIA, como homenaje a Cortesão, reproduce con la debida venia este texto que tanto encierra...
Texto de JAIME CORTESÃO / Foto : Grupo de Forcados ACADÉMICOS DE COIMBRA
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Hoje dia 28 de fevereiro no Coliseu de Atarfe, frente aos toiros Veragua de Prieto de la Cal, o meu ciclo como forcado ativo do Grupo termina (porque para mim um forcado não se despede, isso é para os cabos, porque têm que comunicar ao público, que a chefia muda). Não é e nunca será uma despedida, primeiro porque não me acho detentor de uma carreira assim tão digna de tal ato, segundo porque continuarei a acompanhar o grupo sempre que puder e continuarei a dar "um pezinho" sempre que for preciso ou melhor, sempre que o Cabo, ache que as coisas estão propícias para tal, e em terceiro, porque ser Forcado dos Académicos, não é só o modo de estar dentro de praça, mas sobretudo, um modo de estar na vida, e esse modo de estar na vida, esses valores, esses princípios e essa conceção da mesma, é a que me acompanha há quase 21 anos e não mudará.
Mas efetivamente a vida é pautada por ciclos e o meu compromisso e disponibilidade total para com o grupo, termina este 28 de fevereiro (já com uns meses em atraso ao que realmente esperava), mas a temporada passada, parafraseando o nosso cabo no jantar de gala, "não foi a sonhada" e saio porque a idade já pesa, os valores do medo já se começam a aproximar aos da vergonha, e antes que isso aconteça, passo oficialmente à reserva (aquela frase da tia "Mimela Cid" de "o forcado um dia quando vai à pega derradeira, demonstra mais valentia, do que teve na primeira", posso-vos dizer que é uma frase bonita, mas que me faz lembrar aquela: "depois de deixar de fumar só custam os primeiros 6 meses").
Sairei com a certeza que é mais o que devo ao grupo que aquilo que alguma vez lhe dei, mas com a noção também de que, de entre todos os meus defeitos, que são muitos, e algumas virtudes, tudo fiz para que se mais não tinha de valor ou capacidade ao menos pudesse ser um exemplo de compromisso e dedicação (Que isto de andar cá 4 ou 5 anos, com valor de sobra, é fácil, agora andar cá 20 e sempre cagado é que é difícil).
Despeço-me em Espanha e com muito orgulho, foi lá que começou a nossa caminhada de consagração, foi lá que nos apoiaram e nos deram oportunidades quando as portas na fidalguia lusitana se nos fechavam, foi lá que mais me senti forcado, foi lá que mais carinho e reconhecimento do público senti, foi lá que mais feliz fui durante e após as corridas, sinto que é meu dever terminar lá o meu ciclo.
E por falar em ciclos que terminam e começam, hoje iniciou-se o ciclo das comemorações dos 60 anos dos Forcados Estudantes de Coimbra, um ciclo em que contamos com a presença de todos, porque todos farão falta. Viver a festa à "nossa" maneira, só faz sentido com a "nossa família" GFAAC ao nosso lado, porque em determinado momento ou determinada altura, nem que seja aquela água que passaram da barreira para a malta, faz falta e faz parte da nossa caminhada enquanto grupo.
Por fim os agradecimentos fi-los hoje, da forma como sinto e acho que devem ser feitos, no seio do grupo, como sempre resolvemos os nossos diferendos ou sempre festejámos as nossas conquistas. Porque não há sentimento igual a ver a cara de regozijo e olhar de orgulho dos nossos "irmãos". Mas não podia deixar de agradecer à mulher que me acompanha há 11 anos de vida em comum, porque para estar presente, para viver o que vivi no grupo, para pensar o tempo em que pensei no grupo diariamente, muitas vezes abdiquei de estar com ela e de viver coisas com ela, mas não me apanha nessa, não deixei de pensar nela! A minha mulher Ana Carolina Martins
Com a certeza que hoje foi mais um grande dia dos "gajos" da Jaqueta Azul, venha a temporada 2024!
Assim me subscrevo:
Jaime Serra (o nome de minha mãe, que muito golpe me aparou à custa dos forcados, mas mãe perdoa sempre) Cortesão
Ps: Não me despedi a ajudar, peguei à primeira tentativa o meu toiro. E não me sujei...
JAIME CORTESÃO