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TRIBUNA da TAUROMAQUIA IBÉRICA
by FERNANDA MARIA MOUZINHO
Fotos : António Ribeiro (q. e. p. d.)
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Mural de homenagem ao Campino na Azambuja vandalizado por anti taurinos.
Espaço tinha sido inaugurado juntamente com algumas outras imagens taurinas (que também foram vandalizadas), no âmbito do programa “Mês da cultura tauromáquica” que decorreu naquela vila em Maio.

Nasci no campo. Nasci num Monte (e não estou a falar de uma elevação de terreno, mas sim de uma casa rodeada de anexos e estábulos situados no meio do campo). Pois é, nasci literalmente no campo.
Cresci no campo, ou, como é bonito dizer agora, cresci no meio da Natureza.
Desde que me lembro de ser gente que aprendi a tratar do gado, ou, como fica bem dizer agora, aprendi a cuidar de animais.
Cresci a aprender a fazer com os mais velhos, ou, como se diz agora, aprendi de forma empírica.
Aprendi na prática quando semear, mondar, colher….ou, como está na moda dizer, aprendi a fazer uma horta segundo o calendário lunar.
Conheço o calor do verão numa carrada de palha, ou frio do Inverno na apanha da azeitona.
Conheço. Não ouvi dizer. Conheço na primeira pessoa.
Sei como “obrigar” uma vaca a indicar-me onde escondeu o filho recém-nascido. Sei, não li num livro sobre animais. Sei porque o faço.
Consigo antever as alterações no tempo pela forma como se posicionam os rebanhos e as manadas. Não li num livro sobre meteorologia, observo no meu dia a dia.

Distingo o ladrar dos meus cães, se têm sede, se está chegando alguém conhecido, se se aproxima algum estranho…ou se simplesmente algum gato não autorizado ousou subir a umas das nossas oliveiras. Distingo não porque ouvi um qualquer CD com gravações de sons de animais, mas sim porque levo mais de 50 anos a usar este “sistema de alerta”.
Já assisti a inúmeros partos de vacas, de burras, de éguas, de ovelhas, de cabras, de porcas…. já senti o frio nos pés da espera, já ajudei no processo, já senti o cheiro quente da placenta, já vi os primeiros instintos de sobrevivência ….e não falo de nenhum episódio do National Geographic, falo da minha humilde existência.

Teria mil episódios de verdadeiro convívio com o campo para contar. Teria milhões de emoções e sentimentos de empatia com o campo para descrever….. mas acho que já resumi que sempre fui do campo, que vivo do e para o campo, o que me dá alguma legitimidade (penso eu?!) para me sentir ofendida quando me dizem que não respeito ou que não gosto de animais.
Gosto e respeito. Cuido desde que nascem até que são abatidos, para auto-consumo ou para que alguém os consuma. É assim que funciona e não foi inventado na semana passado, no mês passado, nem no ano passado… é um ciclo que vem de longe….
Respeito a natureza e sempre respeitei a opinião dos outros. Mas já me está faltando a paciência, confesso.

Mas quem pensam estas criaturas que são para me ofenderem quando vou aos touros?. Para condicionarem a minha vida quando são cancelados eventos como garraiadas ou tradições do género?. Quem pensam estes senhores que são para darem palpites na educação e nos valores que quero transmitir ao meu filho?...
Quem deu o direito a estes alarves para destruir obras de arte só porque a sua arrogante ignorância não permite sequer perceber o que está representado?!.
Se querem liberdade para ter opinião, que o façam com o respeito pela liberdade que eu tenho em ter a minha opinião.
Porque até agora todas as manifestações e acções dos anti-taurinos têm sido para estes senhores verdadeiros passeios no parque… mas um dia destes vamos perder a educação e a diplomacia que nos caracterizam e vão aparecer movimentos e acções deste lado do mundo.

C
hega de haver donos da verdade.
Chega de submeter a nossa pacifica existência aos extremismos de gente que pouco conhece do que alega defender.
Chega.

Quando vou aos touros não sou uma criminosa. 
Quando vou aos touros estou entre gente de bem. 
Quando vou aos touros não preciso que a polícia me vá acompanhar até ao local.
Quando vou aos touros pago o meu bilhete e não dou despesa ao erário publico.
Quando vou aos touros dou continuidade a uma tradição com muita história.
Quando vou aos touros contribuo para a economia de um sector que sustenta e dá trabalho a muita gente. E nesse grupo se destacam os Campinos, gente que transborda conhecimento e respeito pela Natureza.
Quando vou aos touros quero ser respeitada.

Quero acreditar que vivo num país livre. 
Quem não gosta não vá ver.
Por fim, sou mãe de um aficionado e nada nem ninguém me vão impedir de ajudar o meu filho a viver esse direito.

Fernanda Maria Mouzinho
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