Jaime M. AMANTE
Foto : Emilio de Jesús.
JORGE D'OURIQUE.
31 de Dezembro de 1966 – 23 de Janeiro de 1998.
Conheci o Jorge, no célebre restaurante “Pôr do Sol “ na Aldeia de Palheiros (Ourique) à época paragem obrigatória das comitivas taurinas que semanalmente atuavam em Lagos, Alvor ,Portimão e mais tarde Albufeira.
A vivência com a “toreria” levou a que o jovem angolano frequentasse o quartel-general dos Correia Lopes na Quinta da Fonte Santa em Caneças.
Jorge d’Ourique foi o “apodo” escolhido, e aí nasceu uma amizade que se prolongou até ao seu triste e fatídico falecimento.
Ainda amador e com os ensinamentos adquiridos junto de Afonso Correia Lopes apresenta-se como amador em Lagos, corria o ano de 1982.
Na mesma praça, e ajudado e apoderado por Francisco Farinha (simultaneamente apoderado de Afonso Correia Lopes), presta provas para cavaleiro praticante a 6 de Julho de 1985, frente a reses da Ganadaria de Vitor Felizardo.
O seu percurso como cavaleiro praticante, foi sempre em crescendo, sendo à época uma das grandes esperanças do toureio a cavalo
Recebeu a alternativa de cavaleiro tauromáquico a 24 de Agosto de 1989, na Praça de Toiros do Campo Pequeno, em Lisboa, sendo seu padrinho de alternativa Joaquim Bastinhas.
Curiosamente havia muitas semelhanças entre os dois toureiros, quer no conceito taurino, quer na maneira como desfrutavam da vida e para que não restem dúvidas - "era um pedaço de toureiro".
Memoráveis, várias atuações principalmente no Campo Pequeno e em Vila Franca de Xira.
Atuou várias tardes com o meu compadre Francisco Alcaide, e memorável foi a digressão de ambos a Ilha Terceira.
Juntos percorremos muitos Kms e sempre acompanhados de uma sã loucura à mistura.
Faleceu vítima de acidente de viação em 23 de Janeiro de 1998.
(Foto de Arquivo/Emílio)
A UM AMIGO TOUREIRO
Na charneca, linda que era sua,
Se fez menino-homem, um toureiro.
Beijado pelo sol e pela lua,
Graça na alma em corpo inteiro.
De peito aberto, ao vento audaz,
Erguendo alto o seu enorme valor
De espírito aberto e fugaz
Citava o toiro, sempre sem temor.
Lidava cingido no corcel ao vento,
Na pura arena, encantamento.
Arte, um gosto puro de emoção.
Jorge foi o nome desse dilema,
D’Ourique, a rima dum poema,
Que calou bem fundo, a minha afeição.
Leiria, 27 de Julho de 1998