Entrevista con el novillero portugués António Gaiao "Toninho" para comprobar que va muy en serio...


Desde aquel su debut en España, hace 9 meses largos, queda el recuerdo y el apunte que hizo Jaime Martínez Amante entonces...
"ANTÓNIO GAIAO GRILO "TONINHO",  DUAS ORELHAS NO SEU DEBUTE EM ESPANHA. Perante um eral da ganadaria de Manuela Fernandez, como os restantes, o jovem natural do concelho de Alcanena e atualmente, aluno da escola de toureio de Badajoz, apresentou-se ontem em Siruela (Mérida) onde cortou duas orelhas. Recordar que o festejo, estava integrado no ciclo de aulas práticas delineadas pela Escola de Toureio de Badajoz para a temporada de 2023"
Ahora, aprovechando que estamos en tiempo de espera para la nueva temporada. Jaime ha descolgado el teléfono y ha hecho a este chaval de la zona de Chamusca, la entrevista que sigue :

ANTÓNIO GAIÃO "TONINHO" :
"SEM DÚVIDA, A PRAÇA DA CHAMUSCA É UM DOS CENÁRIOS IDEALIZADOS OU SONHADOS POR MIM PARA A MINHA APRESENTAÇÃO EM PORTUGAL"

Quem é António Gaião “Toninho” e de onde vêm essa tremenda afición?
- O Toninho é alguém que nasceu e foi criado no concelho de Alcanena, longe e afastado de qualquer referência taurina. Digamos que era muito improvável que cultivasse qualquer tipo de afición ao toiro, quanto mais querer ser matador de toiros. 
Julgo que esta afición que eu tenho sempre esteve dentro de mim, mas só tardiamente é que foi despoletada sem uma razão evidente ou talvez existente. 
A minha atração pela tauromaquia vem primeiramente talvez através de estímulos visuais e, posteriormente de um sentimento muito mais profundo do que isso, filosofia de vida, o facto de, vestido de toureiro e com um animal pela frente, conseguir expressar-me na forma mais intensa que alguma vez experienciei. É algo que não me foi incutido por ninguém, nem por um pai, nem por um amigo, nem por um meio envolvente que fosse propício à situação em que eu me encontro de querer ser matador de toiros e ser figura do toureio. 
Nasceu comigo, estava dentro de mim. Acho que essa situação de não ter cultivado a afición através de alguém que me pudesse dar uma referência, de um familiar ou algum meio taurino como já referi, deu-me uma perspetiva diferente sobre a tauromaquia e que se calhar se tivesse sido inculcada desde pequeno não teria essa perspetiva agora e acho que isso é uma mais-valia para mim na forma de entender e encarar o toureio.

"Faço um apelo para que sejam dadas mais oportunidades aos jovens portugueses que querem ser toureiros e que sejamos apoiados como merecemos"

A temporada de 2023, saldou-se em 4 novilhadas de promoção da Escola Taurina da Diputacion de Badajoz, entidade que o António frequenta. Debutou com traje de luces e -no final- 7 orelhas cortadas. Correspondeu ao esperado?
- Penso que o número de novilhadas não correspondeu ao esperado, eu acho que nunca corresponde, pelo menos eu sou uma pessoa ambiciosa e quero sempre mais. O corpo pede tourear, e como é a tourear que eu me sinto bem nunca são suficientes as vezes nas que toureio. 
Quanto à qualidade o número de orelhas cortadas acho que é uma média bastante boa, 4 novilhos toureados e 7 orelhas cortadas, e nesse aspeto sim, correspondeu às minhas expectativas ainda que eu espero sempre mais e que ambiciono sempre mais e sei que tenho muito mais para dar à tauromaquia e a mim mesmo... do que aquilo que os números podem indicar. 
Também penso que a temporada passada, pese às poucas novilhadas, mas à boa qualidade sirva para me abrir as portas para a temporada que está por vir.

A sua apresentação em Portugal, será a tarde de sonho?.
- Espero que sim. A minha apresentação em Portugal não depende só de mim, mas sonho com poder apresentar-me junto das pessoas que gostam de mim, dos meus amigos, da minha família, de todos os aficionados que me têm acarinhado tanto. Neste dia da apresentação sonho principalmente com triunfar e poder demonstrar aquilo que levo dentro, as minhas qualidades enquanto toureiro, dar ao meu país o melhor de mim enquanto toureiro e mostrar que em mim há um toureiro com futuro, assim como já foi demonstrado na temporada passada do outro lado da fronteira e que muitos aficionados já tiveram oportunidade de ver.

A Praça da Chamusca seria o cenário ideal, já que o António iniciou o seu percurso toureiro na Escola Taurina do Clube Taurino do Concelho da Chamusca?
- Sem dúvida, a praça da Chamusca é um dos cenários idealizados ou sonhados por mim para o dia da minha apresentação em Portugal. Além de ser a terra onde eu comecei a minha aprendizagem enquanto toureiro, e ser uma terra onde sempre fui extremamente acarinhado pelas pessoas, é também onde está a praça mais próxima da minha casa e é a praça onde mais facilmente os aficionados que não tiveram oportunidade de me ver tourear em Espanha acudam para me ver tourear em Portugal, para além de ser uma terra com uma afición fantástica, com uma cultura taurina gigante e onde a tauromaquia é sentida de uma forma muito intensa e fora do comum.

Com quem te identificas, como toureiro?
- Como toureiro mais do que identificar-me tenho como referências vários matadores de toiros e figuras do toureio. No geral admiro todos os toureiros e penso que todos eles têm algo que me possam aportar a mim enquanto pessoa, à minha tauromaquia e à minha forma de entender o toureio, mas por outro lado tento sempre fazer um toureio idealizado por mim, mais do que idealizado, sonhado. Sou da opinião que cada toureiro deve ter a sua a sua própria personalidade. Mas como toureiro foco-me em mim no dia de amanhã, numa perspetiva de que cada dia eu seja melhor toureiro do que no dia anterior.

Com o debute de Tomás Bastos com picadores em Março, o leque de novilheiros portugueses sem cavalos fica reduzido a ti, ao Gonçalo Alves, ao Vicente Sanchez e ao João Mexias. Debutar com picadores é uma meta próxima, uma etapa a cumprir?
- Tento sempre focar-me em mim e na minha carreira, tendo sempre como uma das minhas metas principais representar o meu país e fazer tudo para que lhe possa dar um novo matador de toiros. Na minha opinião e no que me tocar a mim, julgo que o toureio a pé em Portugal e a classe de novilheiros sem picadores está bem entregue, apesar das oportunidades serem poucas e o ambiente não ser o mais facilitador para que um jovem como eu ou os meus companheiros posamos fazer carreira em Portugal. Sim, debutar com picadores é uma etapa que espero cumprir brevemente, uma vez que é um dos passos principais para quem quer ser matador de toiros.

No dia 27 de Janeiro recebes o troféu "Clube Taurino Mérito" no decorrer do VI Jantar de entrega de troféus de CTCC. É um momento de muito orgulho?
- Sim, além de ser um troféu, para mim representa muito mais do que isso. Mais do que ser reconhecido em qualquer parte do mundo, ser reconhecido junto das pessoas que tu gostas e que te viram crescer enquanto toureiro e pessoa é de facto, muito gratificante e é um incentivo extraordinário. Só tenho a agradecer o reconhecimento por parte do Clube Taurino do Concelho da Chamusca e dar-lhe a enhorabuena pelo trabalho que é feito em prol da tauromaquia.

Como nota final...
- Deixo como nota final um apelo para que sejam dadas mais oportunidades aos jovens portugueses que querem ser toureiros e que sejamos apoiados como merecemos. Da minha parte espero estar à altura das expectativas dos aficionados tanto em Espanha como em Portugal, e venho a dizer que me preparo para que a próxima temporada, que seja uma temporada de muitos triunfos na qual possa demonstrar à afición que não sou só mais um, e que sou um toureiro onde podem depositar a esperança de que o toureio a pé em Portugal tenha futuro

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+ Texto : Jaime MARTÍNEZ AMANTE
+ Fotos : D. R.
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