Que vivam as feiras, os touros, a música, a alegria, “los pueblos y el mio”!

Sou como sou, porque sou “del Pueblo” e taurina!


Há aqui qualquer coisa nesta sociedade que me escapa. Como é que conseguiram destruir as pessoas de tal forma ao ponto de as fazerem pagar mais pela alimentação essencial, mais pela habitação, mais pela energia, e estão é preocupados porque faz muito calor, com os géneros nas casas de banho das escolas, e que as touradas são cruéis? Estão todos ocos, vazios? São voluntários entusiastas do servilismo! Estamos todos iguais, na Europa entenda-se.


Tão fofinhos e enquanto não terminaram com os “Enanos Toreros” não descansaram, uma após outra, machadadas que uma vez dadas e tradições perdidas, dificilmente regressam. E tenho cá para mim, que ninguém perguntou a estes quase 200 profissionais, se estavam de acordo, ou se tinham alternativas de subsistência.


Uns tontos urbanitas enfiados em gabinetes, decidem a vida de outros (que não compreendem), faz sentido?


E não há nada mais triste que assistir ao desenraizamento e ignorância das pessoas. Com a festa, entenda-se de uma vez por todas, que são os festejos populares que dinamizam os “pueblos”, que são pilares fundamentais da festa, que os países não são só as grandes cidades, que são estas terras e as suas tradições ancestrais que ainda conseguem que Portugal inteiro não seja um País completamente descaracterizado e sem alma!

E interpretem como quiserem, mas todos sabemos que só nos “pueblos” ainda existem associações, comissões, tertúlias etc., capazes de juntar gente de todas as idades e condição em prol de um bem superior, manter a sua tradição. E todos sabemos que as festas de “província” são as melhores, onde as pessoas mais genuinamente se divertem, onde há uma alegria contagiante pelo sentimento de pertença e celebração de uma identidade comum.

Todos deveriam ter um “pueblo” onde voltar e entender, senão, deveria ser atribuído um à nascença, porque ser de Nova Iorque pode ter estilo, mas ser de um “Pueblo” é outro nível! 

Mas é preciso entendê-los e respeitá-los, com tudo incluído, porque é aqui, nestes bastiões de tradicionalidade, que se podem ver as diferentes formas de tauromaquia, desde a tradicional às mais populares, bem enraizadas. 


Mas a rapaziada demasiado urbana até gosta de ir às “feirinhas”, super pitoresco e tal, mas esquecem que tudo faz parte. Aliás, enchem-nas, todas, cá, em Espanha, por todo o lado, tudo o que é festa tradicional está ao barrote, veja-se por exemplo o inferno de Sevilla por estes dias, a diferença de há uma meia dúzia de anos para cá, fica descaracterizada, sem identidade, cheia de pessoas que têm tanto a ver com tudo o que lá se passa como o senhor Japonês de Tóquio, só porque vestem um traje flamenco e compram um chapéu de palha.

Não entendo como muita gente não percebe que sem touros, metade das festas não existiria, ou não teria metade da graça. 


Vejam-se os eventos do último mês, no Sobral, Alter do Chão, Santo António das Areias, Barrancos na sua Feira do Presunto (se bem que a minha querida terra foi um bocadinho esquecida no que toca a crónica taurina, e não seria eu a fazê-la), etc. Mais, no próximo mês o mês da cultura tauromáquica na Azambuja, corrida da Ovibeja, etc. Bom, se isto não vos convence que sem as nossas províncias, a tauromaquia já nem existiria, porque se contarmos com a Capital, estamos bem tramados.

Tanta liberdade, tanta subversão de todos os valores, o bom e o reverso da medalha. Se não existisse a “dita” liberdade, por certo não poderia escrever tudo isto que me passa pela cabeça, mas também os “outros”, não teriam liberdade para cancelar tudo o que lhes faz comichão do alto da sua soberba desenraizada. 


Se não é animalista é porque despreza os animais, ou é e considera que os animais são iguais ao homem, só existe esta dicotomia, para o que estávamos guardados... 

O animalismo na sua essência é uma forma emocional e deturpada de ver os animais, e até aí tudo bem, desperta em nós sentimentos quentes e fofinhos, o problema é quando se extrapola e começa a significar termos que tratar os animais de forma igual. Mas onde se topa a grande falha, é que esta defesa e extrapolação de sentimentos nunca é aplicada por exemplo aos ratos de esgoto, às moscas, só porque são repugnantes. E tanta falta que fazem as moscas numa boa tarde de touros numa praça cheia de pó.


Que vivam as feiras, os touros, a música, a alegria, “los pueblos y el mio”!


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tribuna da tauromaquia 
by Dra. ESTER TERENO
Fotografia : ROSALEA RYAN
Recuerde : imágenes a mayor tamaño si hace click sobre ellas).
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