La Dra. Ester Tereno (primer plano), con sus padres, en una plaza extremeña


Esta não é uma crónica de Boas Festas

Esta não será uma crónica de Boas Festas, nem de desejos bonzinhos e fofinhos. Já todos o fazem, eu incluída. 


O Natal já passou, felizmente venho de uma terra e de uma família, que me dão os melhores momentos desta vida, mas sei que para muitos esta data é muito cruel, muito penosa.

Nem tampouco escrevo sobre a hipocrisia e falsidade que surgem especialmente agora, ou talvez não será só agora... 

Estamos aqui de passagem, e querem fazer de todos um género de humano-amorfo-sem-sal-sem-vida-tudo-nivelado-por-baixo, quando a vida é muito mais que isso, uma autêntica dádiva!


Também não será uma crónica de resumo de temporada, de triunfadores e de menos triunfantes, já as escreveram, e algumas muito bem!


Hoje escrevo sobre o que vos desejo sinceramente.

Desejo a todos que consigam ver toda a beleza que existe no mundo e esquecer os recantos mais escuros. Mesmo que não se consiga sempre, mas um dia, um instante, um momento, focar no belo como os taurinos sabem fazer tão bem, e ignorar tudo o resto. 


Desejo a todos um bocadinho da coragem de um qualquer forcado, de um qualquer toureiro, de um qualquer cavaleiro.


Desejo a todos um pouco da perseverança de muitos em levar isto adiante, e capacidade de sonhar, que nunca se perca.


Desejo a todos uma afición desmedida, uma força gigante para lutar contra todos os obstáculos que nos possam aparecer, e se já são muitos, estaremos preparados para o que vier! Que sejamos capazes de nos unir sempre que for preciso defender a festa e dizer “Estamos aqui unidos e nada vai mudar isto”.

Que consigamos não deixar cair nem mais uma praça de touros neste país, nem no 

mundo!

Que tenhamos dignidade e elegância para fazer frente às escumalhas que nos ofendem.


Desejo saúde para ir a todas as corridas que quiserem, e se dinheiro faltar, que estejam lá de coração, não é preciso fazer um escalafón de corridas assistidas e gabar sobre isso para se ser um bom aficionado.


Desejo que amizade impere, que se cultive e regue, e que se aproveitem as existentes e que se façam novas, muitas!


Desejo que a beleza que se vê em todo o lado que nos une, nunca termine. As cores do campo, a azáfama dos instantes antes de uma corrida, a alegria de rever amigos, as pessoas bonitas, o brio, a educação, a música que a banda toca no auge de uma faena.


Desejo que o optimismo reine, de nada serve dizer mal de tudo e de todos e esperar sempre o pior. Se não ligarmos a metade das “tricas” que por aí andam, olhamos para a festa de uma forma mais pura, e tão melhor. 


E que venham mais festas e reconhecimentos, e que nunca nos falte o entusiasmo para lá estar a homenagear os que tanto merecem. Por muito que digam que festas e festinhas são só para aparecer, não será esta uma excelente forma de prestar homenagens? Que nunca nos falte esta capacidade de respeitar e admirar quem tanto nos dá.


Desejo que a magia e o nervoso miudinho que acontece numa corrida nunca acabe. Que o cheiro dos puros, neste mundo puritano de hoje, nunca termine. Que a luz do céu azul continue a deslumbrar todos ao fim da tarde num ruedo qualquer.


Desejo que consigamos aproveitar cada momento, neste mundo acelerado e de pernas para o ar. 


Desejo que as feiras e os pueblos nos continuem a dar as melhores festas, as melhores faenas e os melhores ambientes, e que acima de tudo, as saibamos aproveitar e desfrutar a cada momento.


Desejo a todos que continuem a ter paciência para me ler. 

Que seja um belíssimo ano taurino, carregado de amizade, afición, beleza, emoções, abraços, brindes e puertas grandes!

Dra. Ester TERENO  


El gran taurino António Tereno, departiendo con el maestro Vítor Mendes, antes de entrar a una plaza