Quando...

Quando

Dou comigo a pensar que isto de ir aos toiros
Pode ser entretimento de negros, brancos e loiros
De muita gente diferente, de muitos locais e raças
De variegadas pessoas que entram nas praças
Um ou outro distraído que não sabe porque terá ido
Daquele que foi convidado, que vai para qualquer lado
Do que se senta ao sol e come uma queijada de Sintra
Do que fuma charuto, na barreira para não ser pelintra
Mas…
Estar no pátio das quadrilhas já não é bem assim
Quando se abre a porta da verdade e toca o clarim
Quando se reparte a sorte e na arena se avança
Em redor para a multidão o nosso olhar relança
Quando a boca está seca e se faz o sinal da cruz
Quando o negro toiro de rompante sai e vê luz
Depois de muito correr e recorrer atrás do cavalo
Ajeitar o barrete, marcar o terreno e citá-lo
A corpo limpo, na verdade da arte da pega
É outra coisa, sem explicação de tanta entrega

Manuel Peralta Godinho e Cunha
Setembro de 2022



Artículo Anterior Artículo Siguiente