Por Jaime M. Amante.

ROMARIA DE NOSSA SENHORA DE AIRES

O Santuário de Nossa Senhora de Aires, considerado o maior templo cristão do sul de Portugal, encontra-se situado numa zona rural, em local isolado, numa planície que se estende entre Évora e a serra, a cerca de dois quilómetros do centro histórico da vila de Viana do Alentejo.
Nas imediações, existiam vestígios romanos e visigóticos e alguns deles foram incorporados na construção da igreja, como é o caso das duas aras, com inscrições em latim, integradas nos pilares do muro do adro.
O culto local a Nossa Senhora encontra-se associado a várias lendas, constando uma delas numa inscrição na portada da igreja. É um texto em latim que relata que, após a expulsão dos mouros destas terras, um lavrador arava o campo e encontrou dentro de um pote de barro uma imagem que, segundo a tradição, é a mesma que se encontra no altar.
Frei Agostinho de Santa Maria, afirma que «Nossa Senhora de Ayres» era muito venerada e concorrida pelos povos de «Alem Tejo» e que se chegava a juntar mais de doze mil pessoas.
Em 1748, verificou-se em Évora uma enorme epidemia, pelo que os comerciantes locais prometeram à Virgem uma festividade se a peste desaparecesse. Atendida a prece, foram organizados festejos durante três dias, em honra de Nossa Senhora.
As festas continuaram a ser celebradas anualmente com bastante afluência de devotos, não só de Évora, mas também dos povoados vizinhos.
A ermida quinhentista deu lugar a uma nova igreja que foi dedicada em 1760. Com a conclusão das obras, em 1804, realizou-se a sagração do santuário.
Devido à grande afluência de peregrinos e de forasteiros, o Marquês de Pombal, a pedido do Senado de Viana do Alentejo, em 1751, concedeu o alvará que declarava o mercado, realizado junto ao santuário, como feira franca.
Existe no santuário grande número de imagens, que datam dos séculos XVI a XIX, sendo, algumas das mais antigas, provenientes da primitiva construção. A fé popular encontra-se comprovada nas paredes totalmente revestidas de ex-votos, o que constitui um dos mais curiosos museus de arte popular do país.
O cavaleiro tauromáquico, José Mestre Batista era um dedicado devoto a Nª Senhora de Aires e consta que por diversas vezes, assumia a responsabilidade de caiar o templo.
A principal festividade em honra de Nossa Senhora de Aires, em Setembro, consiste nas celebrações religiosas, nas quais se inclui a habitual procissão em redor do santuário assim como a feira, com origem no alvará de 1751, exposições, espetáculos musicais, espetáculos tauromáquicos e provas desportivas.