MEU QUERIDO MÊS DE AGOSTO!

Já dizia a canção!

Diz que estamos em plena Silly Season (tradução: estação tonta/ridícula). O Verão. E o que ele exige a todos. O verão é um lugar estranho, a felicidade gritante, ou a que se exibe por esta altura nas redes sociais, faz-nos fazer contas à nossa própria felicidade. Mesmo não o sendo o resto do ano, agora temos que ser! E tem que ser tudo leve, muito leve. O verão é infantil, sensorial, solto, exagerado e festeiro - o contrário da realidade, ele traz consigo a esperança alimentada pelos sentidos mais básicos e encantadores, os mesmos que quase esquecemos durante o ano, enfiados em afazeres. É no verão que tudo acaba e (re)começa, num diapasão das nossas vidas, que tentamos afinar a cada rentrée. E todos temos que ser felizes, brincalhões, bem-dispostos, tirar muita selfie, ir a muita festa e muita praia! 

E é também nesta estação a época em que as corridas de touros e festas populares atingem o seu auge. 

Mais à frente tenho uma surpresa preparada para vós, fiéis leitores, não percam!


E continuam a realizar-se corridas em simultâneo em lugares próximos, que é coisa que não consigo entender, mas também, não me cabe a mim palpitar sobre decisões de quem à partida sabe mais que eu no que toca a gestão de corridas. E parece que a Azambuja vai ficar sem as suas típicas largadas? Isto é um não parar de más notícias!


Do touro depende o ecossistema de localidades que mantêm fervorosamente uma herança ancestral que une o animal com homens e homens entre eles e os homens às terras.

O touro é a coluna vertebral da vida de tantas tertúlias que celebram a tauromaquia mais popular, vivida na rua, de tanto festejo. Pessoas cuja convivência se articula em torno do touro. Pessoas que, sem esse elemento aglutinador, nunca se teriam cruzado sequer. Conversam sobre toureiros. Proezas relembradas repetidas vezes, canções épicas, narradas de reunião em reunião.

Acontece em restaurantes com paredes cheias de pinturas, fotografias, memórias, tradições cuidadosamente preservadas.

Como substituiremos tudo isto se um dia triunfar a moralidade pseudo-animalista? O que viria substituir esta expressão artística? Com o que substituiríamos estas celebrações, estes rituais, esta irmandade de pessoas se se extinguir o touro? O que viria para substituir esta paixão compartilhada? 

NADA. O nada é o que oferecem os movimentos de tábua rasa, esses messias de um mundo homogéneo e cinzento. O nada transforma-se numa sociedade com zero laços comuns, com zero motivos para festejar como um povo que se reconhece em paixões compartilhadas. 

E esta resposta é preocupante, uma civilização nunca é apenas uma bela arquitectura, ou um passado glorioso. Uma civilização é aquela que nos diz porque a vida vale a pena ser vivida.


Voltando à conversa do Verão, parece-me apropriado apresentar um Questionário de Verão, ao jeito de “Que tipo de biquíni devo usar aos 60” (como se cada uma não usasse o que quisesse quando quisesse), ou “Que tipo de bebida combina mais consigo”. Super divertido, enfrentar perguntas complicadas, como o simples facto de preferir uma cuba libre a um gin tonic da moda com uma horta inteira lá dentro, o pode ajudar a conhecer-se melhor.

Parece-me boa ideia, leitura leve apropriada a tempos estivais e nunca antes visto neste mundillo, tenho a certeza! Quem disse que o tempo de lazer não pode ser instrutivo? 


Vamos agora ao nosso Teste de Verão: 


QUE TIPO DE AFICIONADO É?


1- O Treinador de Bancada

Aquele que grita do princípio ao fim a dar indicações preciosas que sem estas nem cavaleiros, nem matadores e muito menos forcados, saberiam o que fazer na arena.


2- O Cola

O que só vai para ser visto, para que o fotografem, e quantas mais fotos com toureiros melhor, mais material para publicar nas redes.


3- Popularucho

O que bate muitas palmas e pede muita música sempre! Aquele que se diverte com tudo, até quando há uma fatalidade, nem quer saber muito bem se está a ser boa ou má a corrida, o que interessa é estar ali a desfrutar, afinal de contas, é uma festa!


4- O Caladinho

Aquele mais introspectivo que aproveita, contempla e analisa a corrida só para si mesmo.


5- O Bebe-Copos

O que só bebe copos e não vê nada. Aquele que vai para o social e de 5 em 5 minutos passa por cima de toda a gente para ir ao bar, e também há o que nunca chega a sair do mesmo.


6- O “Lapalissadas”

Aquele que diz coisas óbvias, verdades absolutas (de La Palice), como “bom toiro”, “olé”, “cultura taurina”, “bom ferro”, etc...


7- O Fatalista

Aquele que mal começa a corrida, consegue prever o pior e não descansa enquanto não contagia todos os outros com a sua verdade: “com estes cornos vai ser bonito para os forcados, vai ser só porrada”, “com este cavalo ainda cai e vai parar à enfermaria”, etc...


Qual foi o seu resultado no Teste de Verão? 

É o tipo um, dois, é talvez a soma de três tipos? Que tipo de personalidade taurina possui? 

Talvez se veja reflectido em alguns destes tipos, ou talvez esteja cercado de todos estes tipos na próxima corrida. 

E pese embora uns mais chatinhos que outros, todos necessários à festa.


Confesso que uns dias sou uma mistura, outros depende da Lua que estiver, mas agora vou ser um tipo 3 muito feliz. A partir de dia 28, sobram motivos para festejar com os meus, estas paixões compartilhadas. Encontro marcado numa das terras mais típicas, salerosas e castiças do nosso País, a minha!


Já chêra a Fêra!


Dra. Ester Tereno