Vento maldito
No pátio das quadrilhas, olhar atento
Receoso com súplicas murmuradas
Desejosas de fazer parar o vento
Profundo silêncio. Orações rezadas
Bandeiras flutuando, que tormento
Anseio de “Que Deus reparta sorte!”
Que a arte e o valor suprimam a morte
Olhares atentos, ainda com esperança
Um vento assim parece ser vingança
Toiro na arena, bandarilhas e capotes
O vento serenou, já quase parou
O toiro carrega de largo com violência
Sorriso nos lábios, o vento amainou
Faena difícil que fica para a história
Arte da arte gravada na memória
A sorte suprema, a espada luzente
De orgulho guardado mas presente
Figura perfilada, tal estátua parada
Aguenta a investida, espada cravada
Alvos lenços no ar em tarde de glória
Petição maioritária fica na memória
Olhar para o céu de agradecimento
O público aplaude tamanho talento
Depois de rodar, toiro caído no chão
Volta à arena. Lindas flores em botão
Algumas espalhadas p’rá arena lançadas
Rosas tão brancas e bem perfumadas

Manuel Peralta Godinho e Cunha
Julho de 2022