Leer cada veinte días, ventitantos, o cada mes... aquí, en la TRIBUNA da TAUROMAQUIA, el artículo con el que nos honra nuestra querida colaboradora Ester Tereno, es un ejercicio realmente reconfortante. Ester, con la brillantez que le caracteriza, toca siempre temas de palpitante actualidad, llama a las cosas por su nombre y retrata perfectamente el tantas veces lamentable estado de cosas al que se está llegando en el mundo de la Tauromaquia, en el de sus detractores y fanáticos inquisidores, también lo que se refleja en otras parcelas del resto de la Sociedad. 

Es por ello que no nos hemos resistido, este fin de junio, a acompañar el gran artículo de Ester Tereno, con la breve introducción colocada en párrafo anterior. Quédense ya con lo que tanto ansían cada mes, leer a Ester Tereno, quien no es cualquier cosa escribiendo...

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MUNDO EM DESCONSTRUÇÃO


Estão a desconstruir Portugal, o mundo. A liberdade de expressão, as fronteiras soberanas, a responsabilidade fiscal, as forças armadas fortes, a independência energética, a política económica, a lei e a ordem. Tudo está a ser desmantelado à nossa frente. A comida, as tradições, o trajar, o brio e a estética, até o sangue na guelra. Já não levantamos a voz por nada, a não ser quando a wi-fi lá de casa não funciona. Já não estamos para nos arranjarmos para ir a algum sítio, é calções ou leggings porque tenho que estar sempre confortável. E isto é confundir a naturalidade com a vulgaridade. Até nas relações, nas conversas. Já ninguém conversa, ou dão palpites ou tentam impor a sua visão. E já ninguém discorda de forma educada e respeitosa.

Precisamos de gente adulta outra vez, pessoas sérias, não os “infantilóides” que estão por todo o lado, até na política. Como dizia Miguel Torga, “Somos socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados”.

E se qualquer dia já temos a gasolina a 3€ e está tudo bem, que dizer do Campo Pequeno que cada vez tem menos corridas? O alheamento dos responsáveis políticos contagiou a sociedade portuguesa. Ninguém parece preocupado em encontrar soluções para esta crise. E está tudo bem...

O Homem de hoje luta com as armas da resignação. Abandeira o feminismo porque resulta aterrador ser um homem, despreza a tauromaquia porque é abrumado pela heroicidade, e beleza e estética do toureio. 

Estamos a perder todos estes valores, por isso a tauromaquia incomoda tanto. E irrita, somos o último bastião de tudo isto. 

Não se debatem apenas pela vida dos animais em si. Já agora, o discurso anti-touradas usa "dor" e "sofrimento" como sinónimos. Pois, a Catedrática Fernanda Haro explica que o seu significado é diferente, tanto que existe um limiar de dor, mas não um limiar de sofrimento. Todos os animais podem sentir dor.

O sofrimento, por outro lado, é um sentimento. Para sofrer é preciso consciência, como acontece com o amor, a tristeza ou a melancolia, e esta é a capacidade exclusiva do ser humano. Como explica a filósofa Alejandra Montes Serna: "o sofrimento é o material fundamental com o qual é feita a linguagem que nos define com a essência humana".

O touro é um ser senciente, mas não se pode comprovar que sofre porque o sofrimento é uma faculdade exclusiva dos humanos.

Adiante, podia continuar a rebater com mais seguintes argumentos, mas um dia escrevo mais detalhadamente sobre o assunto.

A beleza importa, e tem vindo a ser destruída pela “usabilidade”. E não é para reviver o passado ou saudosismo, é apenas e só pelo futuro, pois o passado ajuda-nos a aprender como fazer melhor.

E parece um conceito fútil, mas não é, não é só “ornamentação”. A beleza é a qualidade estética que eleva coisas “ordinárias” e simples em coisas mais significantes. É o que nos dá, a nós humanos, algo mais do que apenas o material, automatizado.

Vejamos exemplos arquitectónicos, os edifícios, desde as casas de banho até às igrejas, perderam todo o detalhe, ok, têm que ser funcionais, mas a diferença no detalhe de há um século para cá é abismal. E funcional e moderno, não tem que ser feio. Pensem até nos puxadores das portas, não têm que ser banhados a ouro, mas a forma simplista como todos são agora, também não. E não há um padrão generalizado de beleza, e é por isso que existem coisas lindas e diferentes em todos os países do mundo. E porque raio quereríamos que tudo fosse igual em qualquer parte? Pois, é quando a beleza morre, que tudo começa a parecer igual. A “usabilidade” não tem identidade. As cidades todas do mundo começam a parecer iguais. E onde continuam a ir turistas em massa? Às cidades antigas, com património que as diferencia.

Um mundo sem beleza, torna-nos máquinas. E já temos robots para tudo!

Entender o toureio como arte, bela e com uma estética inigualável, como uma liturgia, na qual manda o mistério, vai contra tudo isto.

Se calhar recomeçava esta crónica:

A bancada do PAN no México lindo e aficionado, quer sancionar com 4 anos de prisão a quem promova, organize ou difunda corridas de touros e lutas de galos, em Puebla, explica a deputada Guadalupe Leal Rodriguez. Se isto não vos assusta, a mim sim! E muito, parece uma bola de neve. E não tenho visto ninguém por lá, a tomar atitudes firmes sobre este assunto.

Mais, depois da fatalidade em El Espinal, Tolima, numa corraleja com mais de 140 anos, o importante é proibir, não regular. Claro, já veio o Presidente eleito da República da Colômbia, Gustavo Petro, exigir que se proíba todo o tipo de espetáculos deste género.

Se nada for feito, sob o arbítrio desta maioria castradora, orientada por intelectuais em bolhas presunçosas, estaremos condenados a perder o que de melhor este mundo tem, a unidade, na sua diversidade cultural.

Ter mundo não é viajar para as Maldivas para um hotel com pulseira de tudo incluído. Ter mundo é sair da tua bolha de realidade e ver o que acontece fora dela. O resto é mudar de bolha.

Tauromaquia será sempre um termómetro da sociedade. Vivemos numa contradição permanente de uma sociedade onde todos aspiram a ser autênticos com o medo de se sentirem diferentes.

Uma sociedade livre e tolerante, que entende e aceita o que opina diferente, frente a uma sociedade na qual uns decidem o que é aceitável e o que não é...

Todas as ideologias que justificam as proibições, acabam por converter proibir em ideologia.

E as ideologias adoram chavões: Ecologia, urgência climática, etc. É apenas uma questão de moda romântica. É apregoar que é necessário trocar toda uma frota automóvel para carros elétricos, ignorando a exploração de crianças no Congo para extracção de cobalto. Muito bem! 

É achar que uma política “verde” para os campos, é pagar para os agricultores deixarem de explorar os seus campos, para os encherem de painéis solares e parques eólicos.

E não disse nada de novo nesta crónica, a beleza e a estética meus caros! 

Já dizia Federico García Lorca no diário El Sol, 1936:

"El toreo es probablemente la riqueza poética y vital de España, increiblemente desaprovechada por los escritores y artistas, debido principalmente a una falsa educación pedagógica que nos han dado y que hemos sido los hombres de mi generacion los primeros em rechazar. (...) 

Es el único sitio donde se va con la seguridad de ver la muerte rodeada de la más deslumbradora belleza.”