Nélia Ramos

Entrevista de Eugénio Eiroa)

El cavaleiro Rui Salvador es un clásico y toda una figura en la Tauromaquia portuguesa y, por qué no decirlo, uno de los nombres realmente importantes en el Toreo a caballo mundial. Su carrera de décadas está jalonada de notables éxitos. Su manera de ser y estar en el Mundo de los Toros le ha servido a Salvador para granjearse un enorme respeto e incuestionable admiración. 

La seriedad y el sentido del compromiso con que siempre ha sabido conducirse (tanto el cavaleiro como el excelente y muy competente apoderado -José Carlos Amorim- que de siempre le acompaña) han acompañado la trayectoria profesional de este cavaleiro, muy apreciado por los públicos, que han visto en su persona un torero que jamás defrauda porque -ni siquiera ante toros muy complicados de lidiar- jamás arroja la toalla. Fue así cómo a lo largo de su trayectoria se hizo acreedor al merecido sobrenombre de "o cavaleiro dos ferros impossíveis", pues siempre y en todo momento arriesgó al máximo en su compromiso por no decepcionar a los aficionados. 

Es por esas y por muchas más que Rui Salvador es un nombre de verdadero prestigio en la Tauromaquia lusitana, donde -además- es considerado un Senhor, con letras mayúsculas, como reza el encabezado de esta entrevista.

Con el cavaleiro de Tomar, en esta su vuelta con fuerza a los ruedos tras la operación quirúrgica del pasado invierno, hemos charlado en la TRIBUNA da TAUROMAQUIA, a lo largo del diálogo que sigue...

P - Em primeiro lugar : como se encontra, agora que voltou a atuar nas praças?. Com que grau de sofrimento teve que atuar na última temporada, na reta final especialmente?. Era imprescindível a operação cirúrgica?.

R - Em primeiro lugar, muito obrigado pela oportunidade desta sua entrevista…
Neste momento, encontro-me quase completamente recuperado, mais algum tempo, e a situação tende a normalizar de uma maneira natural…
Realmente, no final da temporada transata, muito especificamente, na Corrida do Centenário da Associação dos Toureiros Portugueses, não foi fácil superar as dores, mas como era só um toiro e era para mim uma imensa honra participar nessa corrida, acabei por ultrapassar as dores…
Foi absolutamente necessário intervir cirurgicamente porque tinha rasgado quase na totalidade os 3 tendões do ombro esquerdo, uma situação em tudo muito semelhante a outra cirurgia que tinha realizado, 2 anos antes ao ombro direito, aliás, ando a ter cirurgias há 3 anos consecutivos: 2019- ombro direito, 2020- coluna e 2021 ao ombro esquerdo, mas o que interessa mesmo, é conseguir recuperar sempre!


P - Que sentiu em Montemor... e ainda por mais indultando um toiro origem "Pablo Romero", acontecimento histórico para um cavaleiro ou rejoneador porque nunca acontecera tal coisa...?

R - As coisas correram bem em Montemor, a primeira corrida da Temporada custa sempre um bocado, é um recomeçar, tem normalmente um grau de dificuldade superior, por isso mesmo fiquei contente com a prestação que tivemos em Montemor, naturalmente, sentimos todos um imenso orgulho…
"... os toiros precisam de ter mais mobilidade e menos peso… A emoção iria surgir por acréscimo, mais facilmente"

P - Muito mais de 3 décadas ficam atrás. Que diferenças existem entre o Toureio de então em Portugal e o que se pratica atualmente?

R - Esta resposta não é fácil de dar, pelo menos numa entrevista escrita. Toureio desde 1976, são 46 anos neste meio, 38 anos de Alternativa, vi grandes toureiros tourear e continuo a ver grandes toureiros tourear, mas falando um pouco mais genericamente, existe uma evolução imensa, o toiro evoluiu muito, a equitação no toureio e o toureio em si, evoluíram muito também. Desde o número de cavalos que se usa, até ao próprio toureio que se pratica hoje, o toiro é Rei neste meio e o Homem é o cérebro. O toiro vai permitindo e a evolução vai continuar neste sentido, só tenho pena de em Portugal, a Pátria do Toureio a Cavalo, não se criarem Toiros especificamente para o toureio a cavalo, os toiros precisam de ter mais mobilidade e menos peso… A emoção iria surgir por acréscimo, mais facilmente.

P - Lembre-se de uma data : 13 Fevereiro de 1976, quando se apresentou em público em Vila Nova da Barquinha. Naquele dia pensou que poderia chegar tão longe como chegou na Tauromaquia lusitana?

R - Esse dia, foi o início de um sonho que depois se veio a tornar realidade, acho que todos nós quando sonhamos, não existe um limite…

P - Seu pai, don José Salvador, foi durante muitos anos acompanhante fiel em todas as praças onde você atuava, estava sempre entre barreiras e muito próximo a você. Era um grande aficionado, não há dúvida (chegou a ter uma ganadaría). Mas... que influência teve na sua trajetória, que apoios emprestou ao Rui enquanto lhe foi possível?

R - O Meu Pai, foi tudo para mim, aliás continua a ser, o Meu Herói, o Meu Amigo e Conselheiro que tanta falta me faz nos momentos difíceis e nos outros também… Dedicou todo o tempo disponível, sem descurar a Família, à minha carreira Tauromáquica, sempre foi o meu maior e mais severo crítico, para ele, não existiam limites na perfeição. Aproveito este momento para dizer, que, embora o Meu Pai e a minha Mãe, tenham sido de extrema importância na minha vida, a minha Família, Amigos e de uma maneira muito especial o Carlos Amorim e restante equipa que sempre me acompanharam e continuam a acompanhar, foram de um enorme relevo para alcançar os objetivos a que me propus desde o momento em que decidi ser Cavaleiro Tauromáquico…
"... a Tauromaquia precisa ter sempre como base uma boa equitação e as regras fundamentais do toureio: Mandar, Parar e Templar..."
P - Gostaríamos que explicasse as linhas mestras de sua Tauromaquia particular, da Tauromaquia de Rui Salvador. Quais são os conceitos básicos que definem seu estilo como Cavaleiro; que importância dá você à equitação como base fundamental do Toureio a Cavalo...?. E também : que conhecimentos do Touro, da Tauromaquia, é desejável que tenha quem pretenda ser Cavaleiro profissional?

R - Para mim a Tauromaquia precisa ter sempre como base uma boa equitação, e as regras fundamentais do toureio, Mandar, Parar e Templar. Estas, adaptadas ao toureio a cavalo, com o lidar e cravar ao estribo, dentro das características próprias de cada toiro, tentando sempre personalizar e dar um carisma próprio ao desenrolar da lide, complementando-a sempre com as características do cavalo ao toiro em questão. Todos estes componentes projetam assim para o público a emoção pretendida nesses momentos. Naturalmente que o conhecimento do Cavalo e do Toiro em geral, é uma das coisas absolutamente fundamentais para a prática do Toureio…

P - Quando está em plena temporada tauromaquica, como é um dia na vida do Cavaleiro Rui Salvador...?

R - Eu tenho outras atividades na minha vida para além da Tauromaquia, sou Arquiteto, realizo eventos na Quinta do Falcão e trato da agricultura da mesma, para além disso, preciso de montar diariamente cerca de 6 a 8 cavalos, o que me ocupa cerca de 6 a 7 horas diárias, mais as bezerras que toureamos no Tentadero 1 a 2 vezes por semana. Se pensar um pouco em toda a logística para o que faço diariamente, percebe que os meus dias, são deveras ocupados…
"... preciso de montar diariamente cerca de 6 a 8 cavalos, o que me ocupa cerca de 6 a 7 horas diárias"
P - Muito mais de 3 décadas de Cavaleiro profissional desde aquela alternativa de 9 de agosto de 1984 em Campo Pequeno: comemorou não faz muito os 35 anos de alternativa, logo veio a pandemia e destruiu quase tudo enquanto a planos de futuro; tempos revoltados, a própria Tauromaquia em si de cabeça para baixo... Como têm sido estes últimos 3 anos para você, com que dificuldades para sustentar cavalos, infraestructuras custosas que um cavaleiro tem, com que se encontrou... Tem sido o tempo mais complicado e difícil ao longo de sua extensa trajetória?

R - Têm sido tempos muito difíceis de superar, os mais complicados desde sempre, posso assegurar e neste momento, com esta guerra de dimensão mundial, não sei bem o que nos pode esperar no futuro, mas o pensamento tem de ser sempre positivo e cá estaremos, para continuar a manter bem viva a Festa de Toiros em Portugal.

P - Falemos do presente. Com que ilusão se encontra nesta sua volta ao primeiro plano das arenas, depois de passar pelo hospital?. Temos Rui Salvador toureiro ainda para alguns anos?. Que planos tem para o futuro...?

R - Para já, estou concentrado nesta temporada e dedicado a 100% para que tudo corra pelo melhor, estou com uma moral imensa, confiado na “Cavalaria” e quero marcar de uma maneira muito positiva esta temporada! O futuro só Deus sabe…
"... o Estado deveria através do departamento da Cultura, incentivar esta área da mesma maneira que apoia todas as outras"
P - Que problemas fundamentais acha que afetam hoje a Tauromaquia lusitana em concreto e... o que acha que deveria ser feito para que haja um futuro sustentável para ela?

R - Neste momento, o que afeta claramente a Tauromaquia e as outras atividades, é a instabilidade que os Portugueses estão a passar economicamente e a incógnita que vem aí… De qualquer maneira, acho que o Estado deveria através do departamento da Cultura, incentivar esta área da mesma maneira que apoia todas as outras. Esperemos que este novo Ministro da Cultura, não nos ignore como a Ministra anterior…

P - Esta pergunta final, na verdade, é um pequeno questionário múltiplo. Trata-se de que Rui Salvador responda, agora de modo muito breve, ao que lhe vai indicando... com uma palavra ou um nome, se acaso responder com dois, com três no máximo; quatro se for necessário. 

Vejamos :

-Uma praça de touros...
-Campo Pequeno

-Um cavaleiro dos velhos tempos...
-José Mestre Baptista

-Um matador de touros atual...
-Morante, El Juli, Pereda, Castella, Talavante, Roca Rey, todos eles!!!

-Um matador de touros antiguo...
-Paco Ojeda

-Três cavalos toureiros inesquecíveis...
-"Napoleão", "Ratona" e "Importante".

-Sinceramente : um individuo faz-se rico toureando a cavalo?
-Não!

-É Tomar um bom lugar para viver, ou convém dizer por conveniência?
-É um excelente lugar para se viver!!!

-A via rápida que abriram desde Nazaré-Batalha até Fátima-Tomar foi uma grande invenção?
-Grande mais valia

-Por que outro monumento trocaria a Janela do Capítulo do Convento de Cristo...
-Mosteiro dos Jerónimos

-Um prato de comida que o deixe louco...
-Muitos, um verdadeiro problema!

-Um cantor, uma cantora...
-Sinatra

-Um livro, dois livros...
-Vários de Arquitectura

-Um filme, dois filmes...
-Tantos, impossível enumerar

-Uma paisagem ao entardecer...
-Na Quinta do Falcão

-Uma viagem inesquecível...
-Sempre com mar, praia e aquela que ainda não fiz…

-Complete a frase : "a guerra é...
-A invenção mais cruel da humanidade!!

-Cada vez que enche o depósito de combustível de seu veículo... o que sente?
-Que cada vez é mais caro!

-O que é para você José Carlos Amorim : um apoderado sensacional ou um segundo pai?
-É o Meu segundo Pai, o Meu Amigo de Confiança que também é meu Apoderado, são 30 anos de pura Amizade!

- Acredita em Deus?
-Sempre

-Em que pensa sempre, quando entra montado a cavalo, no seu turno na corrida, na praça?
-Desejo que as coisas corram bem

-A Vida é questão de sorte, ou a sorte tem que ser procurada?
-A sorte tem de se procurar…

-A Tauromaquia deve ter cores políticas?
-Não deveria nunca ter cores políticas…

-Uma frase marcante e que recorde muitas vezes ao longo de sua vida...
Com Deus, com Arte, com Raça e com Paixão!
(Frase que o Meu Pai me dirigia sempre antes de entrar em praça e que o Carlos Amorim me continua a dizer…)


--Rui Salvador, boa tarde, muito obrigado por estar na TRIBUNA da TAUROMAQUIA, os melhores desejos pela nossa parte...
--Muito obrigado, Eugénio.

Eugénio Eiroa

Con su padre y con João Silva, cuando Rui Salvador comenzaba (Foto : Acevedo)

Protoiro / "Touradas"

Con Carlos Amorim y parte del equipo que le acompaña actualmente.

El cartel del inolvidable día de su alternativa, en Campo Pequeno.

Eugénio Eiroa

Tarde de triunfo rotundo, en una plaza que jamás volverá a pisar : la Monumental de
Póvoa de Varzim, víctima del capricho político de un presidente de Câmara y sus secuaces