Al final de Julio de 2013, se cumplirán en breve 9 años ya, fallecía uno de los mejores críticos y escritores taurinos que Portugal ha tenido...


‘Solilóquio’, de 84 anos quando faleceu, foi oficial da Armada Portuguesa e durante mais de 50 anos dedicou-se à crítica tauromáquica, publicando um total de 36 livros, onde espelhava a sua opinião sobre as corridas a que assistia em Portugal e Espanha. O cronista colaborou, entre outros, nos jornais ‘Diário de Lisboa’ e ‘Diário de Notícias’ e na revista da especialidade ‘Novo Burladero’, tendo sido agraciado pelo Governo, em 1995, com a Medalha de Mérito Cultural. (Foto José Barradas)
"...Solilóquio sempre se manteve arredado dos mentideros taurinos e das suas tantas vezes nefastas cumplicidades. Por isso deixou na Festa um rasto de dignidade e maestria difícil de igualar..."
João Cristovão Moreira, mais conhecido por “Solilóquio”.
Sobre este grande da crítica taurina portuguesa reproduzimos este texto da brilhante autoria de Alberto Franco: 

“(…) Nascido em Lisboa, João Cristóvão Moreira exerceu ao longo da sua vida funções diversificadas: foi comandante de Marinha, director-geral do Comércio, secretário de Estado da Descolonização e da Integração Administrativa, director de serviços da companhia de seguros Tranquilidade, administrador da Empresa Pública dos Jornais Notícias e Capital e director-adjunto da revista «Negócios».
Fez crítica taurina no «Diário de Lisboa» e no «Diário de Notícias» e colaborou na revista «Novo Burladero».
As suas últimas crónicas reportam-se à temporada de 2000 e encontram-se no livro «O Corte da Coleta» (2003). Porque Solilóquio não se limitava a publicar as suas crónicas nas colunas dos jornais. Pontualmente, no início de cada ano, editava um livro com as crónicas da temporada anterior.
Entre 1965 e 2003, deu à estampa 36 preciosos volumes, com títulos que são quase sempre um achado de graça e engenho: «Broncas e Olés», «Toca a Música», «Touros e Portarias», «Até ao Rabo é Touro», «Memórias de um Bilhete de Sol», «Farpas e Barretes», «No País das Touradas», «Os Clarins da Esperança», «Tércio de Quites»…
Solilóquio publicou ainda uma sentida biografia do diestro José Falcão, que se espera que a Câmara de Vila Franca reedite um dia, e os livros «Coração não tem Cor» e «Uma Vela na Escuridão».
O seu primeiro livro, «Ao Sol da Ibéria», compilação de crónicas que vão de 1948 a 1964, foi uma pedrada no charco morno do mundillo taurino português.
Com uma mão cheia de textos inovadores, de uma acutilância e qualidade literária que apenas encontra precedente nos escritos de outro grande cronista, D. Bernardo Mesquitela, Solilóquio veio demonstrar que a crítica taurina podia ultrapassar os gastos clichés que então se usavam. Das rísiveis peculiares da corrida à portuguesa (o embolado e o afeitado, a chateza do intervalo e os cabrestos, a morte simulada e a voltinha à arena) extraiu irónicos apontamentos e, muitas vezes, a beleza que na praça não se viu. Admirador de João Núncio e dos toureiros de arte, como Rafael de Paula e Curro Romero, Solilóquio sempre se manteve arredado dos mentideros taurinos e das suas tantas vezes nefastas cumplicidades. Por isso deixou na Festa um rasto de dignidade e maestria difícil de igualar. “

 




João Cristóvão Moreira (Solilóquio) (Nasceu em Lisboa em 24 de Fevereiro de 1929) e foi um grande escritor tauromáquico.

Frequentou o Colégio Militar, a faculdade de Ciências e o Curso da Escola Naval. Oficial da Armada Portuguesa, tendo servido em Angola, Moçambique, India, Macau e Timor. Deixou a Marinha por razões de ordem política antes do 25 de Abril. Foi reintegrado depois da revolução e passou à reserva com o posto de capitão-de-fragata. Grande aficionado desde bem pequeno, durante 55 anos dedicou-se à crónica tauromáquica com o apodo de SOLILÓQUIO, tendo sido crítico da especialidade, entre outros, no Diário de Lisboa, no Diário de Notícias e na revista Novo Burladero. Tem as suas crónicas publicadas em 36 livros, sendo dois deles de temática não taurina e um dedicado à vida e morte do matador de toiros José Falcão. O seu último livro foi publicado em 2003, com o título "O Corte da Coleta" (Editorial Negócios). Soliloquio foi agraciado pelo Governo de Portugal em 1995 com a Medalha ao Mérito Cultural.