Anocheciendo, en la plaza de Moita, "Dia da Tauromaquia 2022", en Portugal (Foto : José Canhoto)

Nuestra muy apreciada y distinguida colaboradora, la doctora Ester Tereno, nos vuelve a deleitar desde su pluma fácil, valiente y brillante, con otro artículo de máximo interés. Estrenamos así el mes de Marzo en nuestra "Tribuna de Opinión", dentro de esta TRIBUNA da TAUROMAQUIA IBÉRICA.

¡Va por ustedes!.


Liberdade e falta de noção


“Hay que seguir toreando mientras quedemos taurinos en la tierra”


Por la doctora Ester Tereno.


Acho que todos conhecemos a espetacular Inma Vilchez, que pelas suas músicas taurinas, já tem passado alguns momentos menos bons. Desta feita, o YouTube elimina mais uma canção sua, sem motivo, sem justificação, nada.. E que bem que ela canta Hay que seguir toreando mientras quedemos taurinos en la tierra", quanta razão carrega!

E acontece a muitos outros, desde que o tema seja tauromaquia! Qualquer rap carregado de violência, tudo bem, tauromaquia é que não! E todos já passámos pela experiência de não conseguir ver um conteúdo qualquer por estar bloqueado alegadamente por “conteúdos sensíveis”. 

Mas quem gere a Internet, quem “gere” a liberdade de expressão neste mercado que é o menos regulado que existe? Estão-nos a limitar a liberdade com a desculpa dela própria! E já vem acontecendo há muito tempo, e nunca vi ninguém de “Direito” preocupar-se muito com o assunto. 

O totalitarismo que se esconde por trás da perseguição, eles chamam-lhe liberdade, eu chamo-lhe censura, nem toda a liberdade é a liberdade para escolher. Aliás, as coisas mais nobres, fundamentais das nossas vidas não são livres, ninguém escolhe a pátria, ninguém escolhe os pais. E quando o homem na sua pérfida irresponsabilidade acha que pode eleger estas coisas, degenera-as. A liberdade nunca é somente liberdade de escolha. 

E depois vem um qualquer Porchat, já muito se escreveu sobre ele, não me vou alongar muito sobre esta pessoa. Acometido por um dos grandes males da Humanidade, a falta de noção. Uma coisa é ser famoso, muito engraçado e tal, outra coisa é não ter noção nenhuma do sítio onde está, ser ignorante em relação ao Campo Pequeno, sem noção da cultura, de nada, e ter o atrevimento de opinar. 

Já diz a minha adorada e sábia Mãe, la ignorancia es muy atrevida”.

As pessoas sem noção, que são cada vez mais, parecem multiplicar-se ao ritmo do sucesso das redes sociais. As pessoas sem noção são quase tão perigosas como as pessoas egoístas, mesmo que não seja “por mal” (nunca é). É esta falta de noção ou mesmo de educação que faz com que muitas vezes se esqueça que sempre que dizemos ou fazemos alguma coisa a alguém existe esse alguém do outro lado, que também tem os seus próprios direitos e sentimentos.

Isócrates (350 aC), imagine-se, já dizia mais ou menos assim: “A Democracia autodestrói-se porque abusou do direito à igualdade e à liberdade, porque ensinou o cidadão a considerar a impertinência como um direito, o desrespeito às leis como liberdade, a imprudência nas palavras como igualdade e a anarquia como felicidade." 

Estaremos condenados à cultura rasa? À ditadura do todos-iguais? Temos que ser anti-taurinos, saudáveis, sem sal, sem glúten, ter cães nos apartamentos, vai a carneirada toda atrás e é normal. Desculpem, mas podemos e temos que ter liberdade para nos afirmarmos como taurinos, e sem vergonha de o ser!

Esta facilidade com que se invade a vida de outros é tudo menos liberdade. É mesquinho, é rasteiro, afinal, não passamos de uns palermas ressabiados. 

Diz o sempre sábio Arturo Pérez-Reverte: “Há que ter medo dos estúpidos, não dos malvados!”

E não se enganem sobre eles. Eles não são maus. Não enfeitemos com a palavra mal o que é apenas estupidez. É verdade que às vezes é difícil diferenciar um tolo de um vilão, porque existem bandidos absolutamente idiotas.

Um outro debate, comer carne (excepto se a carne for de insectos) já é rotulado como “extremista”. Ou tenhamos uma carrinha a gasóleo. Naturalmente, já seremos extremistas, e vá, a loucura total, desfrutemos de uma família estável, o medidor do extremismo já atingirá valores estratosféricos. Extremismo é ler os livros que gostamos, sem nos preocuparmos por metade deles terem sido escritos por uma mulher. Os puros de Morante agora já não podem aparecer porque não são saudáveis, chegamos até aos alertas que querem pôr nos vinhos, tudo por conta de proteger os “outros” destes supostos extremismos. E poderia continuar, mas não vale a pena.

O auge do extremismo agora é ser taurino... 

A somar a tudo isto, o nosso partideco-de-estimação-felizmente-em-vias-de-extinção, vem questionar o Governo sobre cumprimento legal do “Dia da Tauromaquia”. Não há paciência, mais um exemplo do totalitarismo destas liberdades unilaterais. 

Na pasada semana, com semelhante panorama, eu proclamava : Todos ao Dia da Tauromaquia, e ainda seremos poucos!

Dra. Ester Tereno