Nós é que estamos errados? A sério?

Dra. Ester Tereno


Sabem aqueles que querem proibir quem não conseguem convencer? Os que não querem sequer fazer um esforço para conviver com outras culturas, respeitar os hábitos de vida das populações locais, os que querem varrê-los por alínea do Orçamento de Estado?

Ah pois é, parece que os nossos estimados “Panenses”, pregam umas coisas e fazem outras. Já se adivinhava, mais agora quando diabolizam em público o que fazem em privado. Mas o problema é nosso, que não sabemos distinguir túneis de estufas, quotas em família, etc. Afinal para uma não aficionada, até andou a tourear bem alguns...


Lá está, são os mesmos que depois vão de férias para um turismo rural qualquer no campo, de preferência com animais por perto, pelo pitoresco da coisa… Não há pachorra para carneirada!


Limitam-se a duas questões fundamentais. A primeira, que o animal “não escolheu” estar ali. A segunda enfoca o espectador, ofendem-se porque existem pessoas que vão às touradas, pagam e de alguma forma experienciam na praça, sentimentos que consideram intoleráveis. 


Lembram-se de ter falado em “Emotivismo” numa crónica anterior? Aquele conceito que ao perguntarmos sobre o bem ou o mal, teríamos como resposta apelos sentimentais? "É mau porque me parece mal""é bom porque me faz sentir bem". 


E isto, aliado aos estereótipos, como o do espectador sádico, público envelhecido (aparentemente devem considerar negativo), privado de sensibilidade por não demonstrar empatia diante de um espetáculo que consideram desagradável. Mais, entendem os espectadores como de “direitas”. Nada mais errado! 

Nos toiros não importam fidalguias, direitas ou esquerdas, idades, pois a paixão é comum e estamos unidos por ela. E tentar categorizar um grupo, sempre acabará em erro. O erro consiste em catalogar as coisas, quando só as pessoas decidem o que é cultura.

Muitos desportos encontram a sua razão, no perigo que representam para aqueles que os praticam. Ou acham que o espectador assiste a uma corrida de motos só pela habilidade do piloto, sem risco? A prova disso é que se corressem a 120km/h, como eu ando numa autoestrada, não existiria audiência!

O ser humano é um animal tão evoluído que superou o maior de todos os instintos, o de sobrevivência. Abordar a morte voluntariamente e depois fugir dela, constitui um dos sinais mais evidentes do avanço do desenvolvimento humano.

Mas se hoje a nossa civilização milenar e as suas tradições são menosprezadas, é simplesmente porque estamos diante da intenção de a substituir por uma nova civilização Woke (acabei de introduzir um novo conceito, perceberam?), com as suas novas tradições (Dia da Terra, Dia dos Animais...) e os seus novos mandamentos (ecológico, tolerância, diversidade ...).

As formas desse “activismo startup” são formas de negócios lucrativos inexplorados.

Hoje, de facto, são todos os tipos de entidades (da página de tendências, às séries de televisão, das organizações ambientalistas aos vários grupos feministas) que nos explicam constantemente quais são as formas de organizar a vida, segundo os seus padrões. Mas quem são eles? Mas agora tudo é racismo, tudo é violência, tudo é agressão?


E o suposto feminismo? Pois, homens e mulheres são diferentes mas têm a mesma dignidade e, portanto, alguém que tenha genes XY não deve ser subestimado ou sobrestimado a priori.


Quanto a mim, exemplo desta dignidade é quando o matador Antonio Ferrera anuncia Cristina Sánchez como sua representante, dizendo que assim “corrige uma grande injustiça, ou, pelo menos, contribui para corrigir uma enorme injustiça que infelizmente dominou e domina o mundo das touradas, excluindo mulheres de incalculável valor moral, ético e profissional".


É curioso que num mundo que assumiu como dogma promover a diversidade, em vez disso, vemos a diversidade ser cada vez menos apreciada. Supõe-se que tudo o que é considerado "intolerante" (por quem?), não deve ser tolerado! "Intolerante" é simplesmente a nova palavra para rotular tudo o que se deseja punir e proibir. Que disparate! 

Precisamos de espaços que nos libertem de responsabilidades, nos quais possamos fazer parte de algo: de uma comunidade, do todo.

O rito entendido num sentido amplo tem um grande futuro. Falamos de touradas, concertos, de tudo!


E quem mais sabe de rituais que o enorme Rafael de Paula? No debate organizado pela Fundação Cajasol em Sevilha, intitulado ”Toros sí, toros no: ¿Cultura, tradición o barbarie?”, não desiludiu: “Quem deu o título a este debate é ignorante. Parece incrível que tenham que perguntar se o touro é cultura ou barbárie. É muito forte. Sou o primeiro apoiante do touro, sendo este o principal protagonista. Acima do toureiro”.

E o que aconteceu em Nimes a 14 de Novembro em defesa das suas tradições? Durante a concentração, que aconteceu poucos dias antes do centenário do Levée des Tridents (em 1921, Nimes resistiu aos ataques de Paris contra as touradas. Lá está, sempre gente emblemática e valente foram precisos, são sempre!). 

Estiveram lá, milhares de pessoas, entre muitos, caras bem conhecidas. Como não admirar estes amigos franceses?

Todas as sociedades genuínas cuidam dos seus artistas, cuidar e não apenas padecer de síndroma de influencer- os que acreditam que o que importa é aparecer em fotos, cansam.

Já levo uns anos desta vida a pregar certas coisas, lutar gratuitamente por uma paixão, arcar com as consequências, as limitações, as dores de cabeça. Dá trabalho, mas ainda acredito em causas maiores! Uma delas, é a Tauromaquia! 

Contra todas estas novas correntes, defendamos sempre a nossa cultura!

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Foto de hace unas horas, en el curso de la gala de entrega de premios de la célebre "Tertúlia Festa Brava". Vemos ahí, en el centro, con elegante vestido blanco y negro, a la colaboradora de la TRIBUNA da TAUROMAQUIA IBÉRICA, Ester Tereno, junto a su señora madre -a la derecha de Ester-. Una foto en la que los(las) intervinientes, todos grandes aficionados(as) posan junto a una de las figuras de la noche, el matador de toros "El Juanito", portugués y actual revelación del Toreo a pie en España, en quien se tienen depositadas grandes esperanzas de brillante futuro. En la foto, a la izquierda, vemos también al ex presidente de la Câmara de Barrancos, António Pica Tereno, uno de los hombres que más ha hecho por la Tauromaquia en Portugal en las últimas décadas; a su lado -también en la zona izquierda de la foto- : Fernanda Teles, gran taurina y madrina de los Forcados Amadores de Coruche. Aún, en el lado derecho de la imagen, de pie, aparece el excepcional taurino, director de corridas e incansable apóstol del Mundo de los Toros, Marco Gomes; a su lado, inseparable, su esposa Ana Meira, estudiosa y gran experta en Tauromaquia y en brillantes iniciativas universitarias en favor de la misma.