Imagen de portada del interesante libro "Ofensa y Defensa de la Tauromaquia"
escrito por Horacio Reiba "Alcalino"

Una vez más, en la TRIBUNA da TAUROMAQUIA, el artículo oportuno, el razonamiento claro; el posicionamiento contundente; la exposición en nada falaz, en todo fundamentada... de nuestra muy estimada colaboradora la doctora Ester Tereno. Sus artículos, como ya hemos constatado, no pasan desapercibidos ni en lo más mínimo. Son numerosísimos -por no decir todos- los lectores de nuestra publicación que prestan atención a esta voz firme, independiente, de una mujer joven, muy preparada, taurina de pro, que nos aporta, cada vez que aquí escribe, interesantísimos puntos de vista. Es un placer leer artículos como el que sigue...

Caçada aos Transgressores

Por ESTER TERENO

Estamos fartos! Acho que posso arriscar ao falar em nome de todos. Fartam, os mesmos argumentos, as mesmas acusações! E assim esgotamos a coragem pela ponta dos dedos... Gastam-se termos como ditadura de gosto, etc..

Por cá, a imposição arrogante de um limite etário para assistir a Corridas de Touros é um desrespeito pela responsabilidade dos pais. Não se trata de governar para todos, mas sim contra muitos.

Ah os jovens... Temos que os proteger da violência! Mas violência em jogos de futebol é ok. Violência à noite, é ok. Ver séries como El Juego del Calamar, é ok. Mudar de sexo aos 16, é ok. Ir aos toiros sozinhos, não! Sou só eu que não entendo?

Voltando à série, quanto a mim, de crueldade capitalista infinita, ai os calamares, falemos de Cefalópodes. Jane Fonda pediu boicote a restaurantes que sirvam polvo, "eles são criaturas sensíveis, tremendamente inteligentes". Como? 

De certeza que nunca provou polvo à lagareiro... Do tradicional, não daqueles em pratos mínimos, 2cm de um pobre polvo, meia batata decorada com coentros desconstruídos (com o trabalho secular que deu a construir pratos!). Certo, somos modernos e chiques q.b., mas salvaguardando que a gastronomia é um acto de partilha e sobretudo, de tradições!

A anedota que foi a última “conversa” na televisão, entre a porta-voz do PAN, cujo nome me recuso a mencionar (só mentiras e manipulações), e o Secretário-Geral da Protoiro. Hélder Milheiro como um cavaleiro das trevas trabalhando para um bem maior, emerge triunfante, responde brilhantemente!

A farsa desse bando de lunáticos é tanta, é assédio! Sem propostas palpáveis, apostam as fichas todas na tauromaquia, porque se consideram, mais evoluídos, mais benevolentes, no fundo, melhores pessoas. Toda uma cruzada contra uma forma ancestral de se relacionar com a natureza, tudo está distorcido! 

Chega de ignorância forçada. Não tenhamos valores cavalheirescos. Caso ainda não tenham percebido, estamos em plena guerra entre o bem e o mal, literalmente. É a batalha deste tempo. Sem mais concessões a radicais que só nos querem ver a arder na fogueira. Chega de responder aos ataques com boas maneiras. Querem controlar o que comemos, a educação dos menores, a televisão que vemos, as redes sociais, tudo. Ou reagimos à séria, ou servimos de relvinha para pasto orgânico sem plástico.

Mas vejamos, quem são os rebeldes, os transgressores, os provocadores, os que desafiam os limites? Nós! Agora mesmo, não há nada mais provocador que ser taurino. Que modernos, nós que sempre fomos acusados de estar ultrapassados.

Um segredo: todos sabem que o bom gosto nunca esteve nas maiorias.

A tauromaquia já nem é cultura, porque a banalização deste conceito ofende a profundidade estética dos touros. Aqui não há lugar para medíocres, não humaniza o animal, faz dele um totem, tudo o que a sociedade dita moderna não suporta. Pelo que já nem é cultura, está no nível superior! Evoluído é quem chega ao patamar de um Emílio de Justo! Radical é ouvir impropérios cada vez que vamos ao Campo Pequeno e não responder com uns “abanões” bem dados! Transgredir é defender as nossas tradições!

Não há arte maior, os intervenientes brincam com a morte piscando-lhe o olho a cada tarde, pertencem à linhagem dos antigos heróis, qual chuva estética de uma veronica de Morante, etérea e irrepetível. Obrigada por esta temporada! Tão merecido o prémio Nacional de Tauromaquia 2021, e ainda oferece o valor do prémio à Casa de la Misericordia de Pamplona? Sabem lá os outros destes valores! Ole Maestro!

Os touros, goste-se ou não, não podem ser isolados na sua grandeza multifacetada com extensões importantes (gastronomia, economia, ambientalismo -o verdadeiro-). É um fenómeno incomparável e inimitável.

Um dos defeitos dos tempos modernos é a dessacralização de quase tudo o que antes foi intocável, tornando-se mais comum, às vezes até popularucho. Ancestrais pilares sociais como a Igreja, a Família, o Estado ou a Escola são desafiados, estilhaçando as suas cartilhas de sempre. E se algumas estavam obsoletas, outras são estruturantes. 

O nivelar do gosto e da tradição em prol de uma urgente democratização, diversidade nas nossas sociedades, acabou por matar muitas coisas bonitas do passado. O decoro, com a queda do moralismo, foi-se esvanecendo, mas o que seria da sedução sem uma certa reserva? Em doses certas, o mistério tem mais piada. 

Passa-se qualquer coisa de errado no mundo quando as tatuagens que em tempos eram perigosas, do submundo, são agora vulgares. A uniformização da plebe, onde ir ao ginásio, ao médico, ou passear o cão, pedem a mesma indumentária, casual que ninguém pode sentir desconforto algum!

É a oficialização do mau gosto que parece triunfar na era da banalidade obcecada pelo estrelato de meia tigela nas redes, e o suposto “bem”. O gosto até se pode comprar, mas o carisma ou o talento não. 

Parece existir um ódio por tudo o que faziam as gerações anteriores, vergonha das próprias tradições. Quando o mais valioso que se pode deixar às gerações futuras, são as raízes, saber de onde se vem!

Nós é que somos o lado bom da história e os modernos transgressores!


Dra. Ester Tereno