- Por Jaime Martínez Amante.

As temporadas de 2020 e 2021 foram desconcertantes em relação ao fenômeno taurino. O dinâmico e ousado empresário José Gonçalves, gerente das Praças de Portalegre e Vila Nova da Barquinha, contrariou desde o primeiro momento a situação atípica em que vivia o panorama taurino no nosso país.

Em 2019, na Praça da Barquinha promoveu o regresso do Maestro João Salgueiro aos ruedos e em 2020 - a 12 de Setembro - em plena pandemia contrata o Maestro João Moura ao lado de Luís Rouxinol e Marco José (que comemorava 25 anos de alternativa) frente a toiros da ganadaria Monte Cadema, um cartel digno de uma praça de primeiríssima categoria e num momento difícil para o Maestro do toureio a cavalo.

Já este ano promoveu uma extraordinária corrida de toiros em Portalegre e no próximo dia 5 de Outubro, volta abrir o tauródromo da Barquinha com uma extraordinária Corrida de Toiros com João Moura, Rui Salvador e Miguel Moura frente a uma imponente e séria corrida da ganadaria de Mata-o-Demo. Completam o cartaz os Forcados Amadores de Tomar - a comemorar 65 Anos de existência - Amadores da Chamusca e Amadores do Aposento da Chamusca. Será a 1ª Corrida de Homenagem aos Ferroviários.


A pouco menos de quinze dias da próxima corrida da empresa Costume Genuíno - a 5 de Outubro em V. Nova da Barquinha - entrevistamos o empresário José Gonçalves.

José Gonçalves, veio para ficar e contrariar em parte o comodismo em que vive a nossa Festa ?

 

Em primeiro lugar penso que nós, os intervenientes da nossa festa, temos que ter noção que só conseguimos combater os que querem acabar com a mesma, através da união de todos .

Temos que tentar fazer novos aficionados e trazer as famílias à praça. É essencial valorizar o nosso produto, para isso penso ser vital criar ídolos, dar a conhecer os toureiros na comunicação social e em programas com visibilidade.

Porque são eles juntamente com os forcados e ganadeiros, as essências para a nossa indústria andar para frente e trazer público à praça. 

 

Os cartazes que promove têm sempre um sentido, de verdadeiro aficionado. Hoje, deve-se montar espetáculos para os aficionados ou convidativos para um público mais generalista ?

 

Tento montar os meus cartéis dentro de um conceito de aficionado,  porque é realmente o que sou, e não ir pela via mais fácil que são os interesses de alguns intervenientes. 

Orgulhosamente sou filho de um homem que anda com uma enxada e uma mulher com a tesoura de poda, por isso sei o que custa a vida, daí praticar preços acessíveis para todos, porque coloco-me no lugar das pessoas que gostam de ir aos touros e não dispõem de 50 ou 60 euros para pagar um bilhete. 

Serei alvo de críticas mas enquanto aqui andar, (não sei se será muito ou pouco tempo), tentarei montar sempre os cartéis de acordo com os princípios da verdade e conscientemente com a região geográfica em que o espetáculo se realiza.  

 

Sendo assim, considera-se um empresário que está na Festa em contracorrente com os valores instituídos ?

 

Não sei. Fica ao critério das pessoas analisar e retirar as suas ilações. "Valores instituídos", prefiro não comentar por uma questão de princípios, mas repare no que esses valores instituídos nos estão a levar.

Cada coisa a seu momento, não é altura para dividir mas sim para unir.

 

Como se caracteriza como empresário ?

 

Não sou empresário, sou um aficionado que gosta de mais da nossa festa e que está a observar que a mesma (Festa) está a sofrer ataques internos e externos.  É nos momentos difíceis que temos que pôr mãos à obra. Tentei dinamizar através do live streaming TV - forma que deveria ser mais apoiada, por ser um mecanismo que leva a tauromaquia a mais público e assim agregar mais pessoas - porque com a falta das transmissões televisivas, começamos a perder visibilidade. Quando comecei a transmitir pensava em receber apoio, não monetário, mas de outro tipo. O que encontrei foi bloqueios. 

Para mim seria mais fácil comprar o meu bilhete beber o meu gin e ver as corridas sem stress nem problemas inerentes à organização,  mas nunca fui um comodista sou pro ativista e juntos vamos vencer

 

Sei que está empenhado em apresentar o rejoneador mexicano Joaquim Gallo em Portugal. Veremos o jovem azteca na Temporada 2022 ?

 

Neste momento sou apoderado de Joaquim Gallo, que era para se apresentar em Portugal esta temporada, mas por uma questão de respeito aos nossos toureiros, visto que as corridas não são muitas, optei por não o apresentar.

Para além de Gallo, poderá haver novidades brevemente, quer no campo do apoderamento quer empresarial .

 

No campo empresarial, podemos ter novidades em 2022 ?

 

Pode haver muitas, que já era para ser este ano mas devido à pandemia não foi possível realizar. Estou a desenvolver um projeto que passa pela América Latina e que será divulgado no final deste mês.



José Gonçalves