Nuestra muy estimada colaboradora, la doctora Ester Tereno, nos acerca hoy otro artículo interesantísimo, redactado con la brillantez que a ella caracteriza. Es un placer siempre, leer a esta gran taurina en sus interesantes comentarios y certeros análisis. Disfruten ustedes con lo que hoy nos plantea...


Moralmente superiores a quem?


Por Ester Tereno.


Se perguntarmos sobre o bem ou o mal, ouviremos apelos sentimentais. "É mau porque me parece mal", "é bom porque me faz sentir bem." 

Emotivismo, grosso modo, uma tese ética segundo a qual o discurso moral, nada mais faz do que expressar preferências pessoais com o objectivo de levar os interlocutores a agirem conforme nossos interesses. 

Complicado? Nem tanto. Torna-nos chatos, muito chatos. Perigoso? Muito!

Não é respeitar os sentimentos de todos, mas tentar que todos tenham os meus. E a única maneira de fazer isso é pela doutrinação.

Talvez esperássemos que tudo levasse à tolerância, mas, pelo contrário, é intolerante. 

Num mundo onde é tão fácil usar os meios de comunicação para que consigam gerar em nós as emoções que lhes agradam, o emotivismo torna-se numa ferramenta de opressão ditatorial.


A insistência em educar novas gerações para que se sintam bem. A liberdade de expressão é restringida sempre que desperte sentimentos inadequados. E se alguém mostrar emoções erradas, será desprezado qual réprobo a quem é negada qualquer possibilidade de se explicar. Nada agradável viver num mundo no qual apenas as emoções contam, a menos que tenhamos a sorte de as nossas coincidirem com as da multidão.

Na visão atual, a ideia de que o mal é algo que pode ser erradicado está instalada. A vida é mais do que apenas um mural do Facebook onde basta clicar em "Gosto" ou "Isto deixa-me irado". 

As proibições dos que se enquadram nesse modelo virtuoso estão aí. Veja-se a Alcaldesa de Gijón, que não ficará na história por ter inventado a pólvora, zangou-se porque um touro se chamava ‘Nigeriano’ e outro ‘Feminista’, por favor! Convencidos de uma insuportável e inexistente superioridade moral.

O caso do nosso pseudo-partido PAN, tão bem recebido no Montijo, bravo!

Os líderes políticos tinham que ser os primeiros a não serem arrastados por movimentos de exaltados que promovem confrontos sociais e intolerância; políticos e jornalistas deviam pesar o fundamento, a importância deste rito tradicional, colocando-o sempre no seu contexto, o da tourada como um todo.


E quem fala em touros, fala em caça, etc! Em França já perceberam muito bem o perigo, tanto que organizaram uma manifestação em defesa destes valores em Mont de Marsan, contra uma suposta ecologia radical, estava cheia!

Formas de ver a vida que não entendo. São vegetarianos? Têm claras convicções políticas? Lembrem-se, são os vossos princípios, servem apenas para vocês. Não atormentem os “irmãos”. Não “chateiem”. Não concordam com alguém? Não sigam a pessoa. Tenham uma boa vida e deixem-me com o meu delicioso epicurista presunto de Barrancos. Era tão simples!


Um disparate muito bem elaborado. No fundo, visa eliminar o que não encaixa no seu apriorismo. Arrogante e sem empatia. Até parece bem-intencionado, mas não é! Uma mistura de eloquência, lugares-comuns e apelos lamechas sem fundamento, em modo de compressão digital, que reduz a História a um guião linear, e a reescreve sem complexidade. É o paranoicamente correcto a desembocar numa inquisição moral.

As pessoas necessitadas de causas tornam-se perigosas! Mais ainda se acharem que estas simbolizam a nossa sociedade “avançada”, o ambientalismo, o feminismo, o animalismo e todos aqueles “ismos” que vêm à mente, tudo o que era impensável há ​​alguns anos atrás. Bem sabemos que pouco têm de genuínos, outros interesses maiores estão por trás.


Mais, os entusiastas proibicionistas afirmam-se consistentes, querem animais reconhecidos como iguais às pessoas. Portanto, não os podemos matar (mas e os borregos, porcos, coelhos, mariscos, etc?) e muito menos comê-los (mas então, afinal somos canibais?).

No fundo, o objectivo é a proibição do consumo de carne e todo o tipo de sacrifício de animais (o que os “anti” realmente aspiram, não esqueçamos os interesses maiores). 

Claro que leis devem proibir alguns seres humanos de atentarem contra outros, protegem a liberdade (graças à existência de leis, sentimo-nos mais seguros, apesar, do facto de alguns anti-taurinos ameaçarem atrozmente por não concordamos com eles).

Mas a beleza e a emoção salvarão o mundo! Emoção saudável, senão vejamos o Artigo 27.1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos:

“Todos os seres humanos têm o direito de participar livremente na vida cultural da comunidade, de beneficiar das artes e de participar no processo científico e dos seus benefícios.”


Temos a cultura como uma necessidade, que nos transforma e nos torna melhores. O toureio, como forma de arte, é emoção, é entrega, é história, é temple, pundonor, magia e romanticismo. É o nosso oxigénio.

Emoção sentimos nós quando vemos Morante a tourear, Roca Rey a brilhar, Pablo Aguado lesionado, Juan Ortega com o capote! Eles percebem lá de emoção!

“A pandemia fez-nos mais sensíveis à beleza”, diz Juan Ortega no El País, e que brinde fez a Rafael Jimenez Chicuelo em Sevilha... uma explosão de inspiração, aquele mistério insondável que arrepia e traz felicidade.

Veja-se Daniel Menés, um madrileño que tirou a alternativa a 15 de Setembro em Madridejos. Um problema com o traje, não o deixaria pronto a tempo.  Andrés Roca Rey ao saber, teve a grandeza de lhe oferecer um traje de luces para este dia tão especial.

Posto isto, só não entende quem não quer, e se calhar, devíamos nós, defensores das touradas, dispensar as justificativas artísticas ou tradicionais que nos cansam, e limitarmo-nos a um único argumento: “Faz-se porque queremos!”. 

E do verdadeiro emotivismo percebemos nós! Aceitemos o único argumento a favor das touradas e todas as suas variantes, porque nos parece espiritualmente impecável e belo!


(Fotos de Ana Paula Antas