Por Manuel Peralta Godinho e Cunha.

Os aficionados mais velhos talvez se recordem que os cartazes das corridas de toiros no tempo anterior à gestão de Manuel dos Santos tinham a seguinte informação :

“Esta corrida não será televisionada”

Com a empresa dirigida por Manuel dos Santos e depois de acordos com a RTP foram televisionadas diversas corridas de toiros e assim se divulgou e bem a Festa, como nunca antes tinha acontecido, tendo muitos portugueses podido assistir, pela primeira vez, a um espectáculo que nunca tinham visto e certamente com o agrado da maioria, tal era a enorme audiência que sempre se verificava. Certamente que muitos desses espectadores televisivos passaram a ser espectadores reais, por terem a curiosidade de – ao vivo – verem touros, toureiros e forcados.

Os aficionados e a maioria dos empresários não têm promovido suficientemente a tauromaquia de forma a haver mais interessados nos espectáculos tauromáquicos e a maioria das Tertúlias e Clubes Taurinos são mais ou menos fechados a um número reduzido de pessoas, não havendo, por esse meio, mais espectadores nas praças de toiros.

Assim, Manuel dos Santos depois de se tornar sócio da Empresa Tauromáquica Lisbonense em 1963, como empresário foi um caso raro, porque com ele as transmissões televisivas foram frequentes; a reserva de um sector do Campo Pequeno a preços baixos para a juventude passou a acontecer; a divulgação constante das touradas aos turistas nos hotéis em Lisboa, etc. Também, a promoção de corridas à portuguesa em locais bem distantes, como aconteceu em Macau, Indonésia, Estados Unidos, etc.

Assim, pode-se afirmar que Manuel dos Santos foi um caso muito especial de gestor tauromáquico e com atitudes empresariais e taurinas muito para além da bilheteira do dia da corrida.

Diferente a actual empresa da Praça do Campo Pequeno, que destaca no cartaz que “é proibido filmar”.

Porquê?

Perspectivas diferentes. Uma divulgadora da tauromaquia; outra mais reservada.

Manuel Peralta Godinho e Cunha

Setembro de 2021