Um relato de Jaime M. Amante.

CONCHITA CINTRÓN
9 de Agosto de 1922 : 
99 anos do seu nascimento

Conchita Cintrón Verrill, também conhecida pelo apodo de “La Diosa Rubia del Toreo” foi uma Cavaleira Tauromáquica peruano-portuguesa, e é, ainda hoje, a mais famosa toureira feminina da história. Mesmo após a sua morte, Conchita Cintrón continua a ser a mais popular toureira do mundo.
Conchita Cintrón Verrill nasceu a 9 de Agosto de 1922 em Antofagasta, no norte do Chile. O seu pai, Francisco Cintrón Ramos, era de origem porto–riqueha, e a sua mãe, Lola Kathleen Verril, era norte-americana.


Quando tinha 3 anos, a família Cintrón mudou-se para Lima, (Peru) onde passaria a sua infância e juventude e iniciar-se-ia nas lides tauromáquicas.
Aos 11 anos, Conchita entrou para a Escola de Equitação do Cavaleiro Tauromáquico Ruy Zarco da Câmara, que nessa altura estava radicado no Peru.
Conchita estreou-se publicamente na Praça de Touros de Acho, em Lima, em Janeiro de 1936. Em 31 de Julho de 1938 debutou como novilheira também em Lima. Após uma visita a Portugal, foi descoberta pelo mexicano Jesús Solórzano, e um ano depois, a 20 de Agosto de 1939, debuta em México, na Praça de "El Toreo".
Nos finais dos anos trinta participou no filme "Maravilla del toreo".

Consagrada como figura do toureio a cavalo - o mais conhecido cronista taurino da época, Gregorio Corrochano, afirmou que era melhor toureiro quando actuava a pé.
Em Espanha, onde existia uma lei que proibia as mulheres de tourear a pé, Conchita Cintrón enfrentou enormes dificuldades em actuar. No entanto, a popularidade já alcançada permitiu que se apresentasse ao público espanhol pela mão de Marcial Lalanda na Real Maestranza em Sevilha a 23 de Abril de 1945.
Durante essa temporada participou em 38 corridas e na temporada seguinte (1946) em 48, no entanto em 1947 apenas actuou uma tarde em Espanha e 19 em Portugal. Entre os seus companheiros dividiu cartel com os toureiros mais importantes da época, desde Juan Belmonte a Domingo Ortega, passando por Chicuelo, Cagancho, Pepín Martín Vázquez ou Antonio Bienvenida.
Retirou-se em 1952, após casar a 5 de Novembro de 1951 em Lisboa com D. Francisco de Castelo Branco, um aristocrata português, com quem teve cinco filhos. Naturalizou-se portuguesa e radicou-se em Portugal .

Desde o seu debute em Lima em 1936 e até finalizar a sua carreira, Conchita Cintrón, participou em mais de 400 corridas nas principais praças de toiros de Espanha, Portugal, Perú, México, Equador, Colômbia, Venezuela, França e Norte de África.
Agregada civil da Embaixada do Perú em Lisboa, presidiu ao Festival Tauromáquico realizado no Campo Pequeno na noite de 16 de Junho de 1970 a favor das vítimas da catástrofe que tinha assolado o país. Participaram os diestros António Bienvenida, Manuel dos Santos, Miguel Baez “Litri”, Paco Camino, Amadeu dos Anjos, José Falcão e o crítico taurino Alfonso Navalôn. Lidaram-se toiros de António Cabral Ascensão.

Após a Revolução de Abril de 1974, Conchita Cintrón e a família abandonaram Portugal e exilaram-se no México até aos finais dos anos 80.
Em 1991, com 70 anos, voltou a vestir-se, com o traje campero e participou no “paseíllo” em Nimes (França), para dar alternativa à rejoneadora francesa Maria Sara.
Conchita continuou a ser uma referência para as mulheres que tentaram singrar no mundo taurino. Em Agosto de 1995 o Governo Português atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Cultural
e em 2005 recebeu em Madrid (Espanha) "La Escalera del Éxito", distinção concedida pelo Círculo Taurino Internacional.

Conchita Cintrón faleceu em Lisboa, por paragem cardíaca a 17 de Fevereiro de 2009.
Se fosse viva faria hoje 99 anos.


Fotos : Artmajeur / ABC / D. R.


Conchita Cintrón haciendo el paseillo en la Monumental Plaza México