Nuestro buen amigo y buen crítico taurino, António Lúcio, ha cumplido 16 años desde que se puso por vez primera delante de un micrófono en una retransmisión de la televisión portuguesa. Fue en la RTP y en la plaza de toros de Póvoa de Varzim, en una jornada en la que nosotros estábamos allí y recordamos perfectamente. 

Lúcio ha evocado esta efemèrides en su pàgina taurina, "Barreira de Sombra", que con el esmero y rigor que le caracteriza -nos regaló hace 20 años atrás un estupendo libro artesanal con un sin fin de crónicas que había publicado hasta entonces en sus primeros tiempos en la Net, que no son cuestión baladí--- cuida con mimo... Es una satisfacción, con la debida venia, reproducir aquí los recuerdos de 16 años atrás, actualizados ahora por António Lucio en su "Barreira de Sombra".

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Se há momentos que marcam, este foi um deles. Podia ter acontecido uns meses antes mas por circunstâncias que pouco importam, não acontecera. 24 de Julho de 2005 marca a minha estreia, o meu debute na RTP, corrida transmitida em directo desde a Praça de Toiros da Póvoa de Varzim, à qual ficarei sempre emocionalmente ligado.

Escolhi esta foto com o saudoso empresário e amigo Manuel Gonçalves pois foi ele o grande responsável por esta estreia e mais umas quantas presenças nos écrans da RTP a fazer aquilo que mais gosto.

Não tinha tido uma única experiência em televisão até esse dia. Via muitas transmissões e tinha o à-vontade das entrevistas e das conversas da rádio. Sabia que muita gente gostava de ter estado no meu lugar, naquele dia e àquela hora. E estava tranquilíssimo, como se fosse algo que normalmente fazia. As horas que antecederam o início da corrida serviram para trocar ideias com os meus colegas que fizeram a transmissão e forma meus padrinho e testemunha de alternativa: Paulo Pereira e Virgílio Palma Fialho. Um briefing com a realização da corrida para ultimar pormenores.

O que não sabia era que não teria possibilidade de sair do local na trincheira onde estava colocado o meu monitor pois não havia emissor/transmissor de fm para me poder deslocar pela trincheira e lá fiquei com uns headphones que me fizeram sentir tipo astronauta… Pois bem, improvisar sempre foi algo que fiz bem e aí estava eu pronto para pegar mais um toiro, salvo seja.

Estar atento ao que se passa na arena é importante para nos apercebermos do que acontece em cada momento e que pode fazer a diferença numa lide ou numa pega. Na realidade nunca estive tão atento a um monitor de televisão como nessa tarde de há 16 anos. Não perdia nada do que se passava na arena e no monitor, tipo olho no burro e outro…

Mas ter de estar atento a esses pormenores e ter atenção, muita atenção, ao que o realizador, um Senhor de seu nome Manuel Rosa Pires, vai debitando, obriga a uma concentração única. E se se trata de uma estreia, mais ainda. E eu até troquei os nomes ao então Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim Macedo Vieira…

Vivi momentos inesquecíveis, convivi com toureiros, forcados e ganadeiros, directores de corrida e veterinários, emboladores, gente que muito me respeitou e ajudou.

Pois bem, esta foi a primeira, a mais importante pelo seu significado, de umas quantas corridas às quais estive ligado. Mas também é verdade que houve umas quantas invejas e alguns movimentos que levaram ao meu afastamento… Sem ressentimentos porque, sem nunca me ter proposto a mim mesmo esse objectivo de chegar à RTP, o havia conseguido e dignificado nas minhas intervenções.

Hoje a Praça de Toiros Monumental da Póvoa de Varzim sofre as agruras de uma ditadura de gosto, de um Presidente de Câmara que não honra o passado e a cultura do seu povo. A Patripove, a cujo Conselho Consultivo pertenço, e o Clube Taurino e Equestre Povoense, com um punhado de bons aficionados, continua a lutar para que voltem as corridas de toiros à Póvoa. E nesse dia, diremos Presente!!!